sexta-feira, 30 de maio de 2008

Envolve-me no teu abraço

Envolve-me no teu abraço! Em cada toque teu o meu mundo pára e, subitamente, os problemas deixam de o ser, as feridas abertas da minha alma saram e a chuva que cai sobre o meu rosto transforma-se em pétalas de rosa.
Quero que me abraces, um abraço simples, daqueles que até um amigo pode dar. Quero encostar a cabeça no teu ombro e sentir o teu cheiro, desejar beijar-te e conter os meus desejos, calá-los como se não fossem importantes ou, simplesmente, como se não os sentisse.
Abraça-me simplesmente como se não me visses há muito tempo e tivesses saudades minhas. Aperta-me contra ti e diz uma daquelas expressões só tuas que quase sempre me fazem rir. E se, ao ouvi-la, em vez do habitual sorriso, me vires chorar, deixa que o abraço continue num espaço infinito e finge que as minhas lágrimas são de felicidade.
Abraça-me nesse horizonte de coisas proibidas. Deixa-me fechar os olhos e ver somente o que vai dentro de mim. Encontrar, por entre este emaranhado de pensamentos e modos de sentir fúteis, a minha alma. Porque eu só encontro a minha alma nos teus abraços, quando o coração, mono existencial de batalhas à tanto tempo perdidas, começa a bater mais forte contra a minha vontade e te dá a derradeira certeza de que ainda não te esqueci.
Eu dei-te a minha alma, a minha vida... tudo o que quero que me dês é esse abraço que fica suspenso em promessas que os olhares proferem e que os nossos corpos jamais cumprem.
Envolve-me no teu abraço e leva-me até mim. Leva-me àquele local onde o tempo está parado em ampulhetas de saudade e o espaço se comprime até caber nas minhas mãos.
Envolve-me nesse abraço que só tu sabes dar que, enquanto me abraças julgando sentir o meu corpo, eu voo para além do mundo e encontro, algures, o que perdi em cada um dos abraços que eu quis e tu não me soubeste dar.

Marina Ferraz
*Imagem retirada da Internet

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Cá dentro...


Para ti, Kelinha, por me teres conseguido provar que nem tudo na vida é triste!

Naquele mundo que habito, o da tristeza constante que me arrasta para o precipício e nele me condena, existem nuances de felicidade que jamais passam disso mesmo: nuances!
Sinto-me sozinha na maior das multidões, sinto-me triste no melhor dos dias e as coisas nunca são diferentes.
Cá dentro costuma morar a maior das dores: a dor de quem sofre por amor,a dor de quem, no meio do mais infernal dos vazios, já não encontra uma alma onde se refugiar.
Mas hoje, cá dentro, mora outra coisa, sabias? Mora o orgulho! Tenho tanto orgulho em ti!!!
Sabes? O amor tem muitas formas... talvez eu não seja bem sucedida em todas elas mas sei que neste amor, o amor de amiga, o amor de afilhada, neste amor sei que o sou e sei-o porque me mostraste que estás comigo onde eu estou, que vais comigo aonde eu vou, que queres verdadeiramente saber.
Eu acredito em tudo o que esta noite gritei! És, sem dúvida, a melhor madrinha do mundo e este texto fala dos sentimentos mais bonitos que podem existir dentro do peito de uma menina que vive num mundo de sombras.
Obrigada por tudo! Obrigada por me mostrares que eu tinha toda a razão, obrigada por confirmares as minhas decisões e por me mostrares que posso sentir, ainda que apenas por momentos, algo que não é nem mau nem vazio mas, pura e simplesmente, especial.
Obrigada por, neste momento no qual eu não sinto que as coisas possam melhorar, me mostrares que ainda há coisas que valem a pena.
Obrigada, acima de tudo, madrinha, por valeres a pena!
Gosto-te muito! Longe ou perto, o que sei é que estás e estarás eternamente cá dentro, dentro da minha alma que afinal ainda existe e dentro deste coração onde terás sempre lugar!

Marina Ferraz
*Imagem retirada da Internet

domingo, 4 de maio de 2008

...vazio...


Vejo-me atravessar a noite qual fantasma triste, vagueando sem destino nem vontade. Não sou melhor nem pior do que um dia fui... estou simplesmente vazia. Despida de vida, despida de amor, despida de todos os sonhos, mesmo dos que já realizei.
E atravesso a noite. Os meus pés, ao tocarem o chão, fazem ecoar o passado. Renascem tantas vozes dos meus passos... e eu ouço-as vibrando dentro de todo o meu vazio.
Não tenho sombra nem esperança. Não há luz para que as tenha... há apenas a noite da noite que atravesso e um corredor que não leva a lado algum.
E, qual fantasma deambulando pelos sonhos alheios, fico imóvel e olho em redor. Não sei se procuro o teu rosto ou se me certifico de que o não vejo. Vazio, sempre este vazio...
Não foi assim que imaginei os sonhos! Imaginei que, em algum momento ias chegar e eu já não ia ser apenas um fantasma taciturno vagueando nas noites de tristeza; aquelas noites que não amanhecem e que ficam dentro desta alma, acorrentando-me ao chão frio de não saber o que vem amanhã. Imaginei que ia sorrir mas fazê-lo com todo o sentido. Sorrir de verdade, com aqueles sorrisos que não esmorecem e que ninguém rouba.
Mas vejo-me atravessar a noite fria, passando pelos mais frios penhascos e pelos corredores mais vazios de uma vida sem vida. E, num momento de desespero, vejo-me, qual fantasma, saltar sem medos para o precipício, desejando mais do que tudo um fim para esta farsa à qual ainda há quem chame vida.
E acordo dos meus sonhos. Não sou já um fantasma mas não julgo ser mais...
Ficou para trás o penhasco e o corredor e até os mil sonhos dos meus sonhos. O vazio, esse velho amigo de todas as horas, continua aqui!

Marina Ferraz
*Imagem retirada da Internet