segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Nesse dia




Um dia chegamos à conclusão que o amor existe mais nos sorrisos do que nas lágrimas e desistimos de chorar por amor.
Isto porque o amor não é um sentimento triste nem cinzento mas antes o arco-íris da vida.
E chega o dia em que compreendemos que abraços não são promessas e beijos não são contractos. Talvez amar passe por aceitar a palavra “adeus”, talvez amar passe por aceitar os poucos momentos em que não importa o que vai acontecer no futuro, talvez amar não seja esperar um “para sempre”.
Porque quando ouvimos promessas mudas em abraços fortes ou nos deixamos levar pela ideia de que um beijo é uma aliança, deixamos de amar. Porque não se ama o que se possui, amar não é querer ser dono de alguém.
Quantas vezes, por amor, não ficamos sozinhos? Porque amar também é libertar, amar também é aceitar que a distância, por vezes é a melhor solução.
Um dia compreendemos que o amor não deixa de ser amor só por não ser correspondido e, nesse dia, acabam as lágrimas, acaba a dor e resta apenas o enorme orgulho que é sermos capazes de amar alguém, sem exigir que essa pessoa nos pertença.

Marina Ferraz
*Imagem retirada da Internet

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Sonhei-te


Na loucura das minhas horas que não são verdadeiramente minhas, quis-te, sonhei-te.
Aproximavas-te, beijavas-me o rosto, depois os lábios, deixávamos que o beijo não dissesse tudo, que o abraço o completasse mas que não bastasse ainda.
Éramos juntos um só, por entre a escuridão da noite éramos luz. As angustias voavam para longe, sobre o mar, nas asas das insensatas gaivotas e caíam, afogavam-se. Não havia mais medos, mais dores, mais nada...
Eu e tu, perdidos na noite, sem querermos saber de nada mais...
Perdidos nos beijos que tinham sido e já não eram, nos abraços que tinham crescido, soltos na nossa própria magnitude.
Então, num sussurro, dizia que te amava. Tu repetias o mesmo. Insensatez... loucura a minha! Ainda que nos perdêssemos em beijos que não crescessem e em abraços que não evoluíssem, nunca seria mais. Sonho, ilusão! Podia ter sido real, talvez... se não tivesses dito as palavras pelas quais anseio tão loucamente.
Acordei. Quis-te. Sonhei-te. Não estás!
Visões de tempos impossíveis, os meus sonhos. Que faço eu? Que digo? São desejos irreais, impossibilidades...
Sonhei-te! No meu sonho eras mais que tu, acordada sei que és apenas um sonho...

Marina Ferraz
*Imagem retirada da Internet

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Semente


Era uma vez uma pequena semente, tão pequena que um dia, quando vento passou, a levou para longe, conduzindo-a até ao árido deserto, onde a deixou cair.
A pequena semente, ciente do seu tamanho e da sua fragilidade, teve medo. Sabia que podia sufocar com o calor ou ser comida por um animal e então, cedendo aos seus temores, enterrou-se na terra e deixou-se lá ficar escondida.
Passou dias sem fim naquele lugar escuro, ansiando por um pouco de luz mas sem coragem de se mover até que um dia de manhã, quando acordou, reparou que já não mais era uma pequena semente, tornara-se um rebento. Dias depois já era um botão, e em algumas semanas, virou uma flor.
A flor cresceu e cresceu mais um pouco. Era linda, forte e, acima de tudo, era única naquele lugar...
A vida, no entanto é efémera e, não tardou muito até que toda a majestade da flor se desvanecesse e a morte a tomasse.
Quando morreu, no entanto, deixou cair na terra várias sementes, todas pequenas como ela mesma fora e, hoje em dia, em vez de um deserto, existe um jardim...
Mas o que teria acontecido se o vento não arrastasse a semente para o deserto? Que teria acontecido se a semente não tivesse medo? Que teria acontecido se a flor não murchasse?
O vento arrastou a semente para o mais inóspito dos lugares, o medo manteve-a escondida até estar pronta para sair e a morte fez com que em vez de uma só flor surgisse um jardim...
Quantas vezes não temos de ceder aos nossos medos, de morrer um pouco por dentro e de desistir de um pouco de luz para depois, finalmente, termos um jardim em vez de um deserto no nosso coração?
Eu sou uma semente, estou com medo e vou-me esconder debaixo da terra, vou crescer, regada pelas minhas próprias lágrimas e subir na direcção do céu azul. Vou morrer um pouquinho por dentro, dar o melhor de mim e ser a flor que cresce no fim do mundo, onde tudo é árido.
E vou esperar e esperar um pouco mais que voltes para que o jardim que surja seja, pelo menos a meu ver, o mais bonito de todos...

texto de Dezembro 2006

Marina Ferraz
*Imagem retirada da Internet

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Sem rodeios...


Consegues ler-me a alma num simples olhar. E, com um olhar, corrompes o meu coração, levas todas as minhas certezas para um reino qualquer onde nada é certo além deste amor.
Perco-me no labirinto dos teus olhos, pouso as armas quando o teu exército neles chega e me tenta roubar a vida.
O teu olhar mergulha no meu e sei que me vês a alma. Sinto-me nua, desprotegida… não te importas!
Deixas os teus olhos caírem nos meus até que eu caia no abismo e me segure nos teus braços. Porque apenas os teus braços me podem segurar e apenas o teu olhar me derruba. Mas eu deixo! Deixo que os teus olhos destruam toda a minha fortaleza de emoções e me tornem fraca. Deixo que entres na minha alma, como entraste na minha vida e me roubes até o mais ínfimo suspiro. Porque quando caio nos teus braços sinto que a vida, ao esvair-se na minha desistência, é finalmente vida.
É nos teus braços que sonho morrer. Quero cair no teu olhar, fechar os olhos no teu beijo, dormir no teu abraço e nunca mais acordar…

Marina Ferraz
*Imagem retirada da Internet

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Fala-me de ti...


Sou assim! Sou água e terra, sou desespero e amor, sou utopia e desilusão.
Sou escritora de palavras por escrever, diria mesmo, de palavras por inventar. Quando me deixo sobrevoar o meu mar de anseios sou uma gaivota triste com um bater de asas carente e um pio mudamente afinado…
Sou uma princesa trajando trapos em cada cerimoniosa vénia, sou pedinte que não deseja mais do que receber na sua mão aberta um coração.
Sou tudo no nada em que me revejo e não sou ninguém…
Esta sou eu! Não posso jamais definir-te como me defino porque não és como eu ainda quem em mim mores…
Fala-me de ti como te falei de mim… diz-me quem és porque, de ti, solidão, apenas conheço o que me fazes sentir!

Marina Ferraz
*Imagem retirada da Internet

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Pedidos vãos...
















Não quero amar assim. É loucura amar alguém tão cedo, é loucura amar alguém tão diferente, é loucura amar como sinto que começo a amar-te.
Peço e imploro aos céus que te levem da minha cabeça e reprimam este princípio de fim. São pedidos vãos! Cartas, mentiras, mentiras que são verdade e cartas que são filosofias de pensamento. Eu aqui… perdida nelas à espera de uma palavra tua que não chega porque não sabes o que sinto… não sabes e espero que não descubras!
Não quero amar assim, não quero pensar que pode haver uma possibilidade além da estrada, do precipício, do labirinto, das imponentes muralhas.
Não quero ter de seguir tal trilho, cair em tal precipício, perder-me nas ruelas infinitas de um labirinto, escalar muralhas de dor para, no fim, descobrir que é impossível amar-te.
Sei-o já! Sei que é impossível e não o desejo. Imploro a todas as possíveis divindades que apaguem tudo o que começa a surgir no meu insensato coração. Pedidos vãos… sei-o bem e é isso que me assusta!

Marina Ferraz
*Imagem retirada da Internet