Cito, palavra-por-palavra, o que nos pergunta o líder do Governo: Uma greve geral porquê? Uma greve geral para reclamar o quê do Governo e do poder político? Isto, depois de dizer muitos historicamentes. Sabemos que historicamente-isto, e historicamente-aquilo. São histórias e mente. Isso é certo. Mas, hoje, o que incomoda mais é a pergunta. Porque há resposta. Uma greve geral porquê?
Senhor Primeiro Ministro, eu explico. É uma greve para evitar a greve. A greve de sono que daria o banco de horas, com a falta de horários compatíveis com a saúde mental e as horas extra. A greve de fome, com a precaridade crescente de jovens que nunca vão sair da senda de contratos temporários e que, perante a inflação, dificilmente conseguirão alimentar-se. A greve de sexo, porque não há melhor forma de evitar uma gravidez do que a abstinência... e ninguém vai ter tempo para cuidar de um bebé ou alimentá-lo... principalmente considerando que o alimento natural é visto com maus olhos pelos seus próprios ministros, que até as lactantes já conseguiram atacar.
Esta, senhor Primeiro Ministro, é uma greve para que não haja greve habitacional, ou para que ela não piore. Para que os jovens deixem de viver a eterna greve da independência, vivendo em casa dos pais até estarem perto da idade da reforma. Bem, na verdade, esqueça este último argumento. Reforma. Piada triste para a minha geração, que deverá trabalhar até aos 100 anos, pelo andar da carruagem, e não ter qualquer pensão à sua espera por causa da greve de sexo supramencionada.
Esta greve, em palavras que cheguem ao seu nível de intelecto, serve porque a única coisa que ainda não nos roubaram foi a voz. De ouvidos tapados, trauteando a mesma canção do bandido, ignoram-na, mas não a calam. E, para que ela ressoe, é preciso suster a respiração do país e fazer com que o sufoco que nos acompanha nos gritos diários se sinta nos bolsos fundos dos “abnegados” donos disto tudo, recordando que toda a casa começa na fundação, na estrutura, nos alicerces. Lembrando que os alicerces do país é o povo.
Mais empática do que o senhor, eu entendo que não entenda. Quando se tem 54 imóveis, comida farta na mesa e um salário de 8 mil euros por mês, é fácil não entender a greve. Eu sei que dizem para “deixarmos o Luís trabalhar” e, por favor, a greve é um direito e não uma lei... sinta-se à vontade para começar a trabalhar quando quiser. Lembrando, por favor, que trabalha para nós e não contra nós... (ainda que não historicamente...)
E, agora, vou continuar a minha greve de sono... porque preciso de trabalhar para dar mais de metade do meu salário ao Estado, para impostos, e conseguir pagar as contas. Algo que, provavelmente, também não entende.
Já agora, por favor. Pare de dizer que o novo pacote laboral é bom para as pessoas. Primeiro porque nos insulta. Depois porque mente. E o resto é história...
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