segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Adormece-me


Adormece-me nos teus braços, meu amor. Canta baixinho essa canção de embalar. Essa que escreves com as pontas dos dedos, passadas ao de leve pelo meu cabelo desalinhado e revolto. Adormece-me nos teus braços, como a lua adormece no oceano. Estende-me o canto de ti onde os horizontes dos meus sonhos se cruzam com a realidade e a tornam onírica. Adormece-me no teu calor. Adormece-me na simplicidade. Adormece-me nos teus braços.
A noite caiu e as estrelas despediram-se da lua. Talvez chova. Talvez os cobertores nevoentos venham cobrir as estrelas ensonadas, para que ninguém as espie durante o seu sono. Sob as mantas, eu sou uma estrela escondida a pedir pelo teu abraço. Sob as mantas, eu sou novamente menina, desejando uma história encantada de amores que jamais terminem. Uma menina a sonhar o para sempre.
Quero ouvir a história. A nossa história. A nossa história também é um conto de fadas e uma canção de embalar. Ouço-a, palavra a palavra e nota a nota, nas respirações insensatas do meu "eu" cansado e no bater sadio do teu coração, compassado com o meu. Ouço-a, enquanto me encosto a ti e me (re)faço tua, para poder dormir sem medos nem ansiedades.
Adormece-me nos teus braços, meu amor. Abraça-me o corpo frio. Abraça-me a alma macerada. Cura-me assim, noite após noite, enquanto me adormeces com ternura. E canta para mim, mesmo que seja em silêncio, mesmo que toques apenas notas e acordes invisíveis sobre as teclas do meu corpo despido. Adormece-me nos teus braços. Como se adormecem as crianças assustadas e as mulheres guerreiras. Adormece-me como se adormecem as feiticeiras e as fadas. Adormece-me com o encanto quente do teu corpo contra o meu.
Acalma-me os medos, meu amor. Não tenho medo de dormir. Não tenho medo de acordar. Não temo os sonhos nem os pesadelos. Temo que a noite caia e os teus braços não estejam à distância de um toque. Temo a saudade. Temo que as estrelas digam boa noite e as lágrimas me preencham os olhos por não estares aqui.
Adormece-me nos teus braços, meu amor. É nos teus braços que quero dormir. É neles que quero acordar. É neles que quero o aconchego dos dias que chegam, na rotina de não haver rotina que canse quando estamos juntos.
Adormece-me nos teus braços, meu amor. Adormece-me neles, todas as noites. Deixa-me acordar neles todas as manhãs. É nos teus braços que eu quero viver porque é neles que encontro o aconchego da felicidade. Adormece-me nos teus braços. É neles que quero adormecer esta noite. É neles que quero adormecer todas as noites. Quando o tempo vier, é neles que quero adormecer pela derradeira vez...

Marina Ferraz
* Imagem retirada da Internet

4 comentários:

  1. BRANCA DO CANTO16:24

    indescritivel o amor ,o carinho...sem palavras...viajei em magia encantadora...tu consegues e me fazer viajar envolvimente em teus textos... parabens poeta dos sonhos.

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  2. Jennyfer Aguillar20:26

    Perfeito,tem tanto sentimento,suavidade e uma representação maravilhosa do amor.
    Parabéns querida,texto incrível como sempre
    Beijinhos Jenny ♥

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  3. LIRIO DO CAMPO21:36

    consegues envolver em embalos sonoros e nos fas prenetrar de mansinhos em sonho encantado...

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