quinta-feira, 19 de abril de 2007

Calada












Por algum motivo falhou-me a voz, emudeci como se não houvesse mais nada a fazer. Vi-os roubarem-me o chão que pisava e o ar que respirava como se deles eu fosse indigna, como se não os merecesse.
Calada... como se não houvesse um grito na garganta querendo sair e ecoar pelas paredes vazias desta vida.
Deixei-me ficar quieta e muda. Em vez de dar de mim, de lutar por aquilo em que acredito, pelos meus sentimentos, deixei que a vida corresse como um rio mesmo querendo ir contra a corrente.
Não fiz nada que os impedisse, nada que os fizesse pensar um segundo antes de me roubarem a vida.
No meio do meu cobarde silêncio, quedei-me a seus pés, como que fazendo vénias a quem me tinha magoado.
Deixei-me ficar assim... não quis saber de nada!
Fiquei calada, tão calada que me esqueci das palavras, tão calada que selei os meus lábios para sempre.
Hoje, tudo o que quero dizer mora no coração mas já passou demasiado tempo, já é tarde demais e por isso vou continuar calada, à espera que um dia, no derradeiro dia, talvez, uma última palavra saia por entre os meus lábios cerrados e diga, finalmente, tudo o que, por medo, jamais consegui dizer.

Marina Ferraz
*Imagem retirada da Internet

sexta-feira, 30 de março de 2007

"Vamos fugir..."

















Chego junto a ti,
Caio de joelhos, chorando
“Vamos fugir!” – digo-te
A minha voz cheia de certezas
O coração batendo mais que nunca
“Vamos embora daqui
Só os dois, para longe,
Onde não nos encontrem!”
Não me respondes!
O vento passa por mim,
Goza comigo!
Sinto-me ridícula!
Ali, à tua frente, de joelhos
Implorando-te que fujas
Implorando que me queiras
“Foge comigo, por favor!”
Suplico de novo
No tom de quem diz uma oração
Não dizes nada...
Levanto-me,
Sacudo a saia, viro costas
E saio do cemitério...
Penso para mim que,
Se não quisesses fugir,
Ao menos me podias ter levado
Para esse mundo,
Esse lugar calmo e mudo
No qual, em sono, podia sorrir!

(R.I.P. my friend)
Marina Ferraz

*Imagem retirada da Internet

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Aquele anjo....
















Surgiu do nada e aproximou-se sem que o temesse. Abriu os braços e envolveu-me num falso abraço ao qual respondi apaticamente.
Tinha um rosto pálido, asas negras, sorriso inexistente. Na mão trazia um punhal. Não hesitou em cravá-lo no meu peito... subitamente senti um gosto metálico nos meus lábios e vi-o arrancar-me o coração.
Não havia medo, não havia dor! Apenas um anjo das trevas levando consigo um coração palpitante, o meu coração!
Depois, sem proferir palavra, afastou-se de mim, deixando para trás um rasto de sangue e desapareceu, deixando-me ali, deitada sobre um manto branco de seda.
Não sentia nada... não havia dor, não havia sofrimento. O anjo levara tudo isso.
(Apenas dói o coração, apenas magoa essa capacidade de amar infinitamente quem não nos ama... e agora isso acabava de vez!)
Fiquei para trás, a morrer aos poucos! O anjo levara o meu coração, eu deixara que o levasse e não me arrependi jamais de o ter feito.
Deitada, sentindo a vida desvanecer-se e a alma abandonar-me, apenas conseguia pensar na vida que tinha vivido... era sempre assim: um anjo chegava, levava o meu coração e deixava-me só, com um enorme vazio dentro de mim, a morrer aos poucos, a deixar-me ir... sozinha, tão sozinha!
Então, conformada, fechei os olhos e adormeci!

(11Fevereiro2007)
Marina Ferraz
*Imagem retirada da Internet

quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

A todos os meus amigos...

Se eu tivesse de escolher uma palavra para vos dizer algo que realmente achasse importante, essa palavra seria ‘desculpem’.
Desculpem-me pelas lágrimas que tiveram de limpar e pelo sorriso falso que tiveram de ver dia após dia no meu rosto.
Desculpem pelas conversas insípidas que eu tinha quando me perguntavam como estava.
Desculpem pelas noites em que não se divertiram para estarem a aturar as minhas neuras e pelos momentos em que eu estraguei tudo por ser eu mesma.
Desculpem por me ter afastado quando devia ter estado mais presente, desculpem por ter sido egocêntrica e por só ser capaz de pensar nos meus pequenos problemas mesmo quando vocês precisavam de ajuda.
Desculpem tudo isto e tudo o resto.
Desculpem todos os meus erros.
Desculpem-me, por favor!
Porque vocês são os melhores amigos do mundo e eu não vos quero perder NUNCA. A amizade é o amor mais importante de todos e eu, como sempre, esqueci-me disso por momentos.
Mas não agora! Agora estou aqui e peço desculpa por tudo isto.
Adoro-vos mais que tudo!


Com carinho:
Marina Ferraz

quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

A menina do espelho




Ela tinha sonhos e, quando fecha os olhos, ainda consegue ver parte do que antes sonhou. Consegue recordar os sorrisos verdadeiros que surgiam no seu rosto e o modo simplista como encarava a vida e todas as coisas do mundo.
Agora, no entanto, ela está triste. Tudo à sua volta são ruínas de um passado que parecia sólido como uma muralha e que, estranhamente, desabou como um castelo de areia.
Ela está sozinha e sente-se ainda mais sozinha do que está mas, ainda assim, força um sorriso...
Só que ela já não aguenta mais esta tristeza que se prolonga desde há demasiado tempo e ela precisa de ir embora, de desaparecer, deixar todo um passado para trás e começar de novo, num lugar qualquer...
Ela só quer ser feliz com o que antes tinha e acha que não está a pedir demais mas, ainda assim sente-se incapaz de o ser porque, pelo caminho teve um pedaço de paraíso e, quando lhe tiraram o chão debaixo dos pés, ela caiu no mais fundo dos abismos, cercada de tudo o que nunca quisera conhecer.
Mas, ainda assim, de coração partido e rosto molhado, ela vai seguindo, enquanto sente tudo a abandoná-la porque ela sabe que se olhar para trás vai encontrar memórias suficientemente boas para a ajudar a sobreviver mesmo no meio de toda essa tristeza...

Marina Ferraz
*Imagem retirada da Internet

quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

Resposta da lista N.B.C. à musica da lista S.T.A.R.

Digam lá o que quiserem
Eu estou aqui para ouvir
Mas de dizer o que penso
Não me podem impedir

Dizem ser a melhor lista
Mas eu sei bem o que vi
Posso afirmar que prefiro
Ser vampira da N.B.C

Acham que são os maiores
E que mais ninguém vos bate
Deixem que diga que a musica
Vos lixou bem no debate

Nós até vos agradecemos
Fazerem campanha assim
Pois depois disto bué gente
Disse que ia votar em mim

Quanto ao que dizem da Bart
É preciso ter-se lata
E não vejo qual o problema
De a miss ser a Renata

A N.B.C está presente
E não é tão fraca assim
No debate vimos bem
Quem ficou perto do fim

Se somos vampiras, isso
Nós nem vamos comentar
Parece que o vosso sangue
Foram vocês a derramar

O silêncio em vez de hip-hop
Tinha-vos salvo o discurso
Mas por criticas infundadas
Fizeram figura de urso

A minha ultima opinião
É só para questionar
Quem será o idiota
Que ‘inda vai votar na STAR?

por Marina Ferraz
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Este poema foi inicialmente escrito enquanto ouvia a musica da STAR pela primeira vez e foi feita no calor do momento, por me ter enervado. Talvez em certas partes eu não esteja a ser propriamente justa mas foi este o meu pensamento e foi por isso que o passei para palavras...
Este poema não visa ofender ninguém e muito menos destruir os laços de amizade que foram criados com alguns dos elementos da lista Star durante a campanha eleitoral. Visa, isso sim, mostrar que as provocações merecem ter uma resposta e que estas raparigas da lista NBC, apesar de serem umas "vampiras, a sabem dar à letra...
Ao contrário do que já ouvi dizer em relação a ele, este poema não é propriamente uma critica mas antes uma tentativa de defesa quanto às criticas que nos fizeram...

domingo, 26 de novembro de 2006

As palavras do meu silêncio...




Não entendo o que se passa comigo...
Tenho o rosto molhado e o coração dorido, as mãos frias e as palavras inacabadas a tentarem sair pelos meus lábios fechados.
Vou dizendo que amanhã as coisas vão ser diferentes e desejando, num silêncio mais velado, que não exista um amanhã...
Procuro no céu o tom de azul que antes via e no mar a tranquilidade que perdi, procuro na serra o aroma doce do passado e nas estrelas uma visão menos negra do futuro.
Vou andando por aí, sem saber exactamente por onde devo seguir e vou indo pelos caminhos mais fáceis mesmo que esses não sejam os melhores para mim.
Já não me importa onde vou parar. Sou como um rio, a seguir um curso que não defini, a ser um mero fantoche do destino e a deixar cada dia passar por mim como um dia igual a todos os outros, sem nada de emocionante ou que valha a pena revelar.
Eu estou cansada! Tão cansada que ás vezes quero desistir, tão cansada que nem sempre sei se este esforço vai ser recompensado... tão cansada que o cansaço me tolda os sentidos e me faz trazer no rosto uma expressão tão vazia que já nem sequer revela a tristeza que sinto.
Uma vez na vida gostava de seguir pelo meu caminho e de não me deparar com um beco sem saída, gostava que todo este labirinto fosse dar a um lugar meu conhecido e que esse lugar não estivesse envolto em trevas.
Mesmo assim eu aguento e sigo, como se valesse a pena fazer as coisas desta maneira.
Não sei o que espero alcançar, não sei se espero alguma coisa... limito-me a estar confusa e perdida, sem saber quem sou, onde vou ou o que quero fazer!

Marina Ferraz
*Imagem retirada da Internet

sexta-feira, 13 de outubro de 2006

Contos de fadas




















Lembro-me tão bem daquelas noites de infância nas quais liam para mim. As histórias eram sempre iguais. Havia uma princesa e um príncipe encantado, envoltos pela certeza arrebatadora de um amor impossível e proibido. Havia sempre alguém a tentar separá-los mas no fim, como se fosse obrigatório seguir um ritual de finais felizes, todas as histórias acabavam com «e viveram felizes para sempre».
Nessa parte, normalmente, eu erguia o sobrolho e perguntava a mim mesmas milhentas coisas, cada uma mais confusa que a anterior mas, com vergonha dos meus pensamentos, despedia-me e adormecia sobre as perguntas.
Eu não sabia se existiam mesmo príncipes encantados ou o que era o amor, aquela palavra que repetiam vezes sem conta nos contos de fadas. Existiria mesmo esse sentimento ou seria ele tão utópico como as fadas e os reinos longínquos?
Eu não sabia mas, mesmo assim, durante a noite sonhava que era uma princesa e que tu chegavas com uma rosa branca, lutando contra tudo para estares do meu lado.
Entretanto cresci e revoltei-me contra os contos de fadas. A minha vida nunca seria assim, por isso, o melhor que eu tinha a fazer era esquecer as minhas ilusões e apagar dos meus sonhos a ideia de que algum dia apareceria o meu “príncipe”.
Revoltei-me contra as princesas, contra os “era uma vez”, contra os mundos de bela e pura utopia e revoltei-me contra a ideia de que “para sempre” era o tempo certo. Comecei a ver a vida como um hoje e talvez um amanhã porque, para mim, a eternidade parecia sempre tempo demais.
Só que entretanto cruzei-me contigo e, vil erro o meu, olhei os teus olhos e entreguei o meu coração nesse olhar, sem sequer pensar se havia algo a separar-nos.
Pois bem, agora “para sempre” já não parece assim tanto tempo, o amor já não parece uma utopia e a ideia de se estar disposto a lutar contra tudo também não parece tão impossível.
Mesmo assim continuo um pouco revoltada contra os contos de fadas, não pelo mesmo motivo, o serem completamente irreais, mas porque agora sei que o amor é muito mais do que aquilo que os contos dizem.
Não existe conto ou poema algum capaz de retratar o verdadeiro amor porque esse, com toda a sua complexidade, é impossível de explicar!

Marina Ferraz
*Imagem retirada da Internet

sexta-feira, 15 de setembro de 2006

domingo, 10 de setembro de 2006

Diário da desolação
















Hoje acordei e olhei a janela. A manhã estava calma e o sol de Verão brilhava insistentemente do outro lado da janela apesar de eu já lhe ter pedido para dar lugar às chuvas de Outono.
Cá dentro sentia o mesmo vazio de ontem e do dia anterior, a mesma angústia do último mês, a mesma dor de sempre. Mesmo assim o novo dia teimara em surgir.
Espreguicei-me e cumpri a já sagrada rotina, sem nada de novo ou emocionante.
Vesti as primeiras calças de ganga que apanhei e a T-shirt que tinha ficado no cimo da gaveta, sem sequer reparar se estava bem ou não, olhei penosamente para a mochila, desejando ardentemente que as aulas já tivessem começado, ocupando a minha cabeça com algo mais do que certezas arrebatadoras e cruéis.
Passo o dia em correrias desenfreadas, andando a maior parte do tempo de um lado para o outro, fingindo-me ocupada para me convencer a mim mesma de que o cansaço constante em que me encontro tem razão de ser e volto para casa, taciturna, desolada e perdida, em busca de um pouco de conforto.
O caderno, em cima da secretária, já não me inspira nem me chama. Limita-se a ficar ali, à espera que um dia eu volte a ser quem era e tenha finalmente vontade de escrever romances que, ao contrário da minha vida, acabam sempre bem…
Deito-me na cama e desato a chorar todas as lágrimas reprimidas durante o dia. Não posso chorar à frente de ninguém, só o posso fazer no meu solitário quarto, onde sei que ninguém me irá procurar, até porque ninguém quer saber.
Depois de chorar horas a fio, sinto-me inútil e humilhada, como se aquelas lágrimas não fossem apenas um desabafo.
Entretanto, sinto medo. Tudo à minha volta me assusta, qualquer ruído, qualquer sombra, qualquer movimento e eu fico ali, aterrada e julgando-me louca.
Acabo por adormecer e estou tão cansada que nem sei se sonho ou não. Já não ligo aos sonhos, perdi a vontade de os lembrar, perdi a vontade de acreditar neles.
Só sei que na manhã seguinte vou acordar e achar que fui forte por ultrapassar todos os medos sozinha no meu quarto e por me proibir de chorar junto aos outros.
A verdade, a terrível verdade, é que amanhã quando acordar e vir o sol brilhar do outro lado da janela, vou ter vontade de chorar outra vez e vou sofrer de novo.
Mas, enquanto durmo, quem sabe se não peço um pouco de chuva para poder chorar lá fora, sem ninguém se aperceber!

Marina Ferraz
*Imagem retirada da Internet