domingo, 1 de janeiro de 2012

Vamos


Vamos aos confins da Terra. Lá onde as nascentes caem em cascata e onde as pedras têm nome de pessoa. Vamos agora. Agora porque não há tempo a perder. A felicidade não espera por ninguém.
Então, anda. Segue-me os passos ou as pegadas. Segue-me os movimentos ou os aromas. Segue-me, seja como for. Vamos aos confins do infinito. Lá onde tudo é possível e ninguém pode interferir na paz. Lá onde as mãos se dão e os dedos se enlaçam. Lá onde tudo acontece com simplicidade.
Aviso já que vou abrir as asas, quando lá chegar. Fada de Outono, de pés descalços e passos dançantes. Vou abrir as asas mas não vou voar. Preciso deste chão sob o meus pés, de sentir a terra húmida e a água gelada a tocar-me a pele despida. É ali que os sonhos se tornam realidade e que a vida adormece um pouco, levando consigo tudo o que não está certo. E é por isso que vou aproveitar para abrir as asas. É o único lugar onde sei que não me vão apedrejar. É o único lugar onde sei que não vão troçar de mim por escolher um chão de espinhos, quando posso ter o céu. É o único sitio onde nunca ninguém esteve tempo o bastante para tentar roubar-me a magia.
Mas vem. Podes vir. Se olhares com olhos de esperança, talvez consigas até ver o que eu vejo. Vem. Vamos aos confins da Terra. Onde as pedras estão feridas e choram. Onde as árvores cantam. Onde as borboletas dançam valsas irrepreensíveis. Onde eu posso baixar a guarda e respirar com calma. Onde eu posso ser ferida no mais profundo de mim. Onde a minha alma se torna corpo e eu me torno vulnerável.
Vamos aos confins da Terra. Preciso de respirar essa paz, de abraçar essa plenitude. Preciso de abrir as asas. A felicidade não espera por ninguém...

Marina Ferraz

*imagem retirada da Internet

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