terça-feira, 18 de maio de 2010

Lágrimas de Pedra III

Aninhei-me nos teus braços. Nos braços da nossa solidão. Mesmo sem palavras, havia tons de despedida em nós. Ir embora faz parte das minhas asas abertas. Das asas que me pediste que abrisse. Ainda assim, às vezes, para viver, preciso desta sensação de que tu vais estar sempre aqui. Mesmo depois de eu ter partido. Mesmo se eu já não viver.
Estarás aqui eternamente. Sempre com o mesmo orgulho firme e frio. Sempre com as mesmas lágrimas de pedra.
Hoje, aninho-me nos teus braços e busco o conforto. Encosto a cabeça no teu ombro e descubro que és suave. És a beleza. Ainda mais hoje porque te olho com os olhos de quem parte amanhã.
Quero que decores o meu rosto. Todos os seus traços imperfeitos. Toda a sua tristeza.
Amanhã vou-me embora. E tu ficas. Ficas para contar que nos amámos e para ofereceres um sorriso a pessoas de eras vindouras.
Talvez um dia mais alguém veja as tuas lágrimas e compreenda a tua dor. Para já somos tu e eu… deixa-me aconchegar-me em ti, abraçar-te. Pareces-me hoje mais meu. Sinto-me hoje mais tua. Deixa cair em mim as tuas lágrimas de pedra.
Faça-se silêncio para que a dor oculta no meu coração possa cantar para ti, uma vez mais. Faça-se silêncio para ouvires, no bater do meu mortal coração, a eternidade do nosso amor.

Marina Ferraz

Serenata - 7 de Maio 2010


sexta-feira, 23 de abril de 2010

Feliz para sempre

Sempre o mesmo sonho. Um abraço que termina com um choro. Um discurso mudo que termina com um sonante adeus. E todas as explicações do mundo para o que podia ser resumido a um “não”. Cansa-me.
Cansa-me ouvir sempre o mesmo e ver sempre o mesmo. Decorar sempre a expressão séria do teu rosto quando me dizes que, desta vez, acabou mesmo. E depois eu corro. Nesse mesmo sonho eu corro e deparo-me comigo mesma. Sozinha. Todas as ruas desertas e todas as luzes entremitentes, numa cidade fantasma onde o único ruído é o da minha respiração ofegante e onde a única sensação é a do medo. E corro. O som dos meus passos nunca se sobrepõe aos meus suspiros. Mas corro, com a dor e o medo acompanhando a minha corrida desleal contra o tempo. Porque é contra o tempo que eu fujo. Corro sempre na direcção do ontem. O ontem em que tinha a esperança de não sonhar que ias embora outra vez. O ontem onde o teu rosto não estava sério e tu sorrias. O ontem onde jurei a pés juntos que, hoje, ainda me ias amar.
A rua continua sempre deserta mas há o terror. O terror de quem julga que, no canto, vai surgir alguém e que esse alguém me vai roubar de ti. Não quero ouvir outra respiração que não a minha. Não quero escutar outros passos. Não quero ver qualquer silhueta além da minha sombra inconstante como a luz dos candeeiros de rua.
Mas aparece sempre o mesmo vulto. Sempre com o mesmo manto, com o capuz preto tapando o rosto. E o vulto tem sempre um punhal na mão. Paro quando o avisto e estou tão perto dele como de mim. Vil loucura, é nesse segundo que julgas que não reconheço a tua postura, que não sei de cor os traços dessa mão que empunha o meu fim. E, por seres tu, mesmo não podendo olhar-te fundo nos olhos encobertos, eu abro os braços e aguardo a morte. Sabes, meu amor? Quando cravas o punhal no meu peito e o meu sangue mancha a tua pele demasiado branca, eu esboço o último dos meus primeiros sorrisos. E ele é teu. Porque estou a pensar em ti. A morrer contigo no meu pensamento. A morrer nos teus braços. Pelas tuas mãos que sempre ditaram o correr da minha vida.
Morro. Maldito sonho. Morro pelas tuas mãos. Morro sangrando de saudade. Morro num adeus mas contigo perto. Maldito sonho. Como odeio essa sensação de poder perder-te e fugir. Como odeio saber que vou ver-te à minha frente com esse punhal na mão. Como odeio saber que a morte é doce se estiveres perto. Morro. Contigo. Por ti. Em ti. Maldito seja esse sonho que me cansa. Esse sonho onde sou, de facto, feliz para sempre…

Marina Ferraz
*Imagem retirada da Internet

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Ruínas

A minha casa ruiu. É o que acontece com o tempo. Quando o tempo desgasta a vida e a vida cede. As casas ruem e o barulho da rua torna-se ensurdecedor.
A minha casa ruiu. Ruiu num alicerce quebrado sem que eu saiba o motivo. Nas palavras que não pude dizer e nas que não pude ouvir. Nos motivos dados e naqueles que não foram dados mas antes esquecidos no silêncio.
Ruínas de mim. Foi isso que restou. Ruínas. Pedra sobre pedra com meia dúzia de alicerces intactos segurando coisa nenhuma. E de que vale toda a firmeza de alguns quando já ruiu a minha vida? De que vale o esforço para erguer a alma quando ela jamais se levantará com o mesmo fulgor?
A minha vida ruiu. Caiu sobre mim e levantou a poeira do meu choro. Da minha mágoa. Da minha saudade. Compreendi que ninguém percebeu o que eu sentia. E perguntei-me se seria minha a culpa. Porque eu posso ser culpada. Posso ter passado tempo demais a dizer que amava, sem explicar que o meu mundo estava assente, também, em pilares de afecto, estima e harmonia.
Mas a minha casa ruiu. Porque casa alguma se aguenta ao desgaste dos ventos do norte, quando o vento sopra com a força inevitável de nada poder estar solto e livre o suficiente para escolher estar firme.
Uma palavra, um gesto, um retorno. Qualquer coisa, na verdade... Foi essa a minha espera. A minha lonjura. A minha demora.
A minha casa ruiu. Pobres alicerces caídos com a força de um amor eterno. Ali, destruídos e sós, por entre tantos que apenas se curvaram e tantos que se mantiveram firmes.
Mas que importa? A minha casa ruiu de saudade e a minha vida também. Porque aquele pilar era central. Porque nenhuma casa sobrevive se as fundações ruírem.
E apetece-me agradecer ao vento, com ironia. Dizer-lhe que me matou a alma mas que eu estou bem. Só que o vento ia rir-se. Como sempre. Ia esquecer-se das minhas palavras. Como sempre. Ia saber que era mentira… E não ia devolver-me a minha casa… porque os meus alicerces cederam e eu sou ruínas de mim.

Marina Ferraz
*Imagem retirada da Internet

terça-feira, 30 de março de 2010

Hoje

Hoje ela riu e hoje chorou. Hoje, a sua felicidade verteu nos seus olhos tristes como rios de uma mágoa contente. E as gargalhadas ecoaram pelo deserto de todas as coisas amarguradas.
Acordou cedo. Estava consciente apenas da ruína. Não acreditava em nada e queria tudo. Arrastou os medos pelo braço e atirou-os pela janela, incapaz de os deixar atormentá-la.
E lavou a cara de esperança, recusando-se a chorar mais. Hoje ela viveu. Feliz e triste. Completa e incompleta. Pedaço despedaçado de eternidade ausente. E nenhuma das suas mágoas a assombrou. Nenhum silêncio veio substituir as palavras que pensava.
Hoje ela acreditou e perdeu a fé. Mas em momento algum se despediu da constância do seu ser. E, quando fizeram questão de vir roubar o sol do céu para o cobrirem de estrelas tristes, ela acendeu uma vela e respirou fundo o aroma adocicado da saudade, envolta na luz quente do passado.
Hoje ela riu e hoje chorou. Sentiu. Era raro nascer um sentimento no seu peito morto pelo tempo. Então, hoje, quando a sua felicidade verteu nos olhos tristes, como um rio de contentamento, ela vestiu o seu melhor sorriso e foi passear pela cidade dos seus sonhos.
E hoje ela viveu. Consciente e inconsciente. Feliz e triste. Completa e incompleta. Na realidade do sonho. No sonho da realidade. Na realidade sonhada. E foi noite e dia. Amanhecer e anoitecer. Tudo… e, simultaneamente, nada.

Marina Ferraz

*Imagem retirada da Internet

quinta-feira, 25 de março de 2010

Copo de Morte

- Um copo de morte, por favor!
Um sorriso do outro lado do balcão. Um sorriso pelos meus olhos vermelhos. Um sorriso pelo meu rosto molhado. O sorriso de quem sempre soube que pediria a morte como salvação de momento e não como pena a cumprir eternamente.
O líquido, cor de âmbar, ardeu ao percorrer-me a garganta. Sabia bem aquele travo a fim. Aquele sabor a não mais chorar. Aquele travo agridoce que pararia o meu coração, demasiado cansado de bater.
Podia ter-me arrependido. Podia ter sentido saudades de mim. Saudades de ti. Saudades do teu sorriso que jamais voltaria a estar do outro lado do balcão, pronto a servir-me a morte.
Tudo o que senti foi a calma de poder encontrar a paz além do teu sorriso trocista.
Bebi um copo de morte para fechar os olhos à alma. Porque a minha alma estava quebrada. Sangrava sempre, invisível aos olhos dos cegos que usam apenas o olhar para distinguir o que é físico.
E a minha alma não tinha nada de imortal!
O teu sorriso matou-me a alma naquele copo de morte que apenas me parou o coração.
- Um copo de morte e a conta…
Pousei a cabeça sobre os braços e sorri. Estava feliz. E os teus olhos brilharam antes de chorarem. Antes de servires a ti mesmo um copo da mesma morte à qual me condenaste muito antes de sorrires.

Marina Ferraz

*Imagem retirada da Internet

sexta-feira, 12 de março de 2010

Carta

Hoje caminhei sobre os destroços da cidade até que os meus pés sangrassem. Procurei-te em cada esquina, em cada migalha de destruição. Não vi qualquer sinal de vida. Supus, por isso, que talvez já não estivesses vivo. Antes de o dizer em voz alta, o vento tapou-me a boca com milhares de mãos e obrigou-me a seguir pelo deserto.
Como se tu pudesses ter fugido… como se pudesses ter virado costas ao nosso amor na primeira batalha desta guerra sem fim.
Caminhei pelo deserto, consciente de que era mais simples acreditar na tua traição do que na tua morte. Como poderias ter morrido, meu querido, se ainda tenho no peito um coração a bater e ele é teu?
Caminhei pelo deserto durante dias. Até que a sede e o cansaço me venceram e me deixei dormir junto a um morro de pedra. Estava frio. Lembro-me que estava frio e que as minhas lágrimas pareciam congelar naquela noite sem lua.
Não te encontrava e não entendia porquê. Estavas tão vivo dentro de mim. Estavas tão acordado na minha memória.
Os teus olhos, castanhos e doces, suaves e intensos, continuavam a fitar os meus olhos fechados, numa recordação presente. E os teus braços envolviam-me para que eu não sentisse frio. Eu sabia, contra tudo o resto, que estavas vivo. E podiam dizer-me que era loucura. Não importava. Era a minha verdade, ainda que fosse mentira para todas as outras pessoas.
Acordei com a brisa nos meus cabelos. Sentia-me tão cansada como antes. Como se nunca tivesse dormido. Agarrei um punhado de areia e apertei-o com força, tomando força para me levantar.
E tornei a caminhar, como se pudesse percorrer o mundo inteiro com os pés feridos, à tua procura.
Por fim, regressei à nossa cidade destruída. Outra vez. E tu eras um nome numa pedra. Numa pedra que te lembrava como se não estivesses vivo. Como se não fosses aparecer para me perguntares onde tinha estado. Um nome e uma data numa pedra. Apeteceu-me rir da ironia. Tinhas sido tanto. Como podias ser apenas um nome?
Puseram-me a mão no ombro, para me confortarem. Como se ter acordado fosse um motivo para terem pena de mim. Eu limitei-me a afastar-me daquele toque que não era teu. Não podia aceitar o apoio de ninguém. Afinal, eu sei que o teu coração não parou. Deste-mo e eu guardei-o sempre dentro de mim. Tratei-o com cuidado. Fi-lo sobreviver à guerra, à dor e ao deserto.
Fui eu que perdi o coração. É o meu coração que reside debaixo dessa pedra com o teu nome. Foi ele que parou de bater no teu último suspiro.

Marina Ferraz
*imagem retirada da Internet

terça-feira, 2 de março de 2010

Dúvida

Quem compra um objecto partido,
Ainda que seja o melhor do mundo?
Quem escolhe ler um livro sem sentido
Ainda que digam como é profundo?

Quem ama uma loucura incoerente
Ainda que sobeje de pureza?
Quem escolhe a tempestade, indolente,
Por maior que seja a sua beleza?

Quem não optaria por estradas
Mais certas e mais fáceis de seguir?
Quem escolheria ter vidas trocadas
Com quem só trapos pode vestir?

Quem suportaria a própria alma
Optando por uma vida infeliz?
Como chegaria a paz, a calma
Nesse tormento que não se diz?

E quem quereria um coração
Partido e remendado como o meu?
Quem guardaria a desilusão
Que o amargo destino me escolheu?

Quem quer curar fantasmas alheios
Ou beijar lábios secos de saudade?
Quem quer ouvir histórias de permeio,
Contando como é triste esta ansiedade?

Quem poderia querer-me assim,
Quando pertenço, triste, a meu passado,
E tudo o que há de bonito em mim
S’ encontra no meu coração quebrado?

Marina Ferraz
*Imagem retirada da Internet

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Alma de Fénix

Encontraste-me e eu já não tinha coração. Um anjo tinha-mo arrancado do peito e, mesmo tendo-o apanhado do chão, caco a caco, a verdade é que quando me encontraste, eu já o tinha oferecido a alguém… para sempre.
Então, fingiste que podia amar-te com a alma. Com a alma que eu já tinha oferecido ao diabo em troca de uma morte que não chegou. Mas entraste nos meus olhos e abraçaste-me a alma inexistente. Abraçaste-a com a força de mil homens e a suavidade de um sussurro.
Caminhei ao teu lado, sempre para descobrir que nenhum medo do mundo me faria cair enquanto ali estivesses. Havia uma mão tua segurando cada passo incerto que dava na direcção do meu inferno terreno.
Chorei lágrimas de sangue. Eram invisíveis mas, de alguma forma, acredito que as viste a jorrar dos meus olhos secos e que me limpaste o rosto, com mais fé em mim do que aquela que eu podia merecer.
Sentaste-te comigo a ver o mar e aprendeste a amar o horizonte. Porque sabias que ele era meu. Sabias que aquela linha impossível de alcançar era tudo o que eu sentia. Tudo o que eu desejava. De alguma forma, não te importaste com os meus sonhos inumanos.
Em vez disso, calaste-te durante horas para ouvires o murmúrio triste do meu peito a sagrar. Ouviste a mesma história vez após vez, como se fosse um conto de fadas e não uma jornada pelas minhas próprias trevas.
Encontraste-me e deste-me a mão. Em algum momento, também entraste no lugar vazio onde era suposto eu ter um coração. E, sim, eu preocupo-me contigo e gosto de ti. Só que tu encontraste-me e eu nunca me encontrei…

Marina Ferraz
*Imagem retirada da Internet

domingo, 7 de fevereiro de 2010

O estranho

O estranho atravessou a rua. Tinha um olhar vazio como o céu numa noite sem lua e os lábios mantinham uma linha severa que recusava um sorriso a todos aqueles com quem se cruzava.
Ergui o olhar para ele e fiquei a vê-lo atravessar. De alguma forma, os seus passos decididos condiziam com o olhar. Era como se não fosse mais do que um corpo sem alma, deambulando pelas ruas, correndo contra o tempo em busca de algo que jamais podia encontrar.
Senti o meu corpo reagir e movi-me com estranheza quando me apercebi que ele vinha na minha direcção. Havia algo de familiar naqueles olhos, naquele modo de andar, naquela eterna sensação de pressa. Mas era como se o tempo tivesse apagado a minha memória. Como se tivesse passado muito, muito tempo e já nada fizesse sentido.
Quando chegou ao pé de mim e se sentou à minha frente, sem pedir licença, notei que era bonito. Bonito demais para só o notasse agora. E assustava-me o modo como olhava para mim, como se eu não estivesse ali e aquilo fosse apenas um engano.
Estendeu a mão e tocou-me no rosto. Tentei recuar mas, por algum motivo, por mais que quisesse fazê-lo, não conseguia. Era como se aquele estranho fizesse parte do que eu sempre tinha sido.
Então, fechei os olhos e permiti que toda a paz e toda a alegria do mundo me assombrassem, deixei que aquele toque me fizesse sonhar com um futuro que não estava certa que pudesse existir.
Abri os olhos e notei que o olhar do estranho continuava vazio. Vazio como estava quando atravessou a estrada, quase a correr. Não havia alma naqueles olhos. Nem brilho. Nem coisa alguma. Simplesmente o vazio. …
O estranho levantou-se e virou costas, para partir. Travei-o. Precisava de saber o seu nome. Ele olhou para mim e encolheu os ombros, como se me tivesse ouvido fazer aquela pergunta em voz alta.
- No momento em que desaparecer, saberás a resposta… - murmurou. E depois correu. Correu tão depressa que, num segundo, não pude avistá-lo. Mas, de uma forma incompreensível, ficou comigo para sempre. E, todos os dias, quando olho ao espelho, vejo os seus olhos nos meus olhos. Não há alma, ou alegria, ou coisa alguma… Mais uma vez, só o vazio…
Conto a todos a mesma história! Um estranho atravessou a rua e tocou-me no rosto, deixou-me sonhar. Depois, virou costas e abandonou-me na maior solidão. Só quando partiu é que eu soube que ele era o amor… Era o amor a atravessar a rua e a tocar-me no rosto, a deixar-me sonhar e a mostrar-me que a distância não é o suficiente para apagar a imagem de um estranho.

Marina Ferraz
*Imagem retirada da Internet

sábado, 23 de janeiro de 2010

Perder


Ponderei que tudo o que temos neste mundo vem das coisas que perdemos.
Perdemos as ilusões a ponto de nos tornarmos humanos e sonhamos até perdermos a vida.
Perdemos oportunidades e lançamos dados sobre a mesa, dispostos a perder a dignidade.
Perdemos o medo e o pudor. Damos o corpo e a vida. Amamos e perdemos o medo de caminhar de mãos dadas pelas ruas.
Aprendemos a ripostar e perdemos amigos, perdemos lutas, perdemos o equilíbrio. E temos nas mãos um amor tão instável que se perde em nós, no medo de o virmos a perder.
Perdemos a noção das horas enquanto nos perdemos uns nos outros. Ou em conversas perdidas em emaranhados labirínticos de emoções.
Perdemos empregos. Perdemos amantes. Perdemos amores. Perdemos a vida. Perdemos a alegria de acordar de manhã e perdemos as lágrimas.
Perdemos o mundo. Perdemos o corpo. Perdemos a alma e perdemos a fé.
A ironia é que perdemos algo todos os dias da nossa vida - perdemos tudo até não restar mais do que poeira - e usamos o mesmo verbo que usaríamos para dizer que não sabemos onde estão as chaves de casa...

Marina Ferraz