quarta-feira, 12 de março de 2025

Moção de Loucura

Imagem gerada por I.A.


Venho por este meio apresentar uma Moção de Loucura.

 

Reconheço, oficialmente, que a Sanidade foi uma das jovens promissoras que emigrou para o estrangeiro à procura de uma vida melhor e sem intenção de retorno. Na sua partida, deixou dentro de fronteiras apenas o já conhecido desespero, a corrupção e alguns laivos de demência, que atingem também (mas não só) a classe política portuguesa.

 

Consciente de que conversas e discursos inflamados já pouco adiantam face à situação atual, e cansada da desordem nacional – tão comum e tradicional como Pastel de Belém e o café com cheirinho – declaro, com a mesma indignação com que o fariam os doutos comentadores políticos dos tascos e cafés, que é hora de rirmos para não chorar.

 

Ressaltando que, de cada vez que o governo cai, quem se aleija é Portugal, espero que esta moção possa ser apoiada pelos que, como eu, estão a ficar roucos de gritar verdades tão ignoradas como os sucessivos líderes governamentais têm ignorado os cidadãos.

 

Mais asseguro que compreendo a inércia dos portugueses no momento de votar e de lutar pelos seus direitos, sabendo que é mais fácil pôr as mãos nos bolsos e assobiar para o lado. Na verdade, até recomendo que sigam de mãos nos bolsos, já que, se não o fizerem, é expectável que alguém tire de lá a pastilha elástica que tem sobrado depois de pagas as contas e acumuladas as dívidas.

 

Aproveito este momento para abordar também uma questão pertinente sobre a queda a pique e os danos provocados ao país, lembrando que antes que sejam curadas as feridas será necessário aguardar, já que as urgências apenas podem ser acedidas após contacto telefónico com o SNS24. Mediante triagem e depois de alguns dias, meses, anos, a desfalecer, talvez o país tenha finalmente consulta de especialidade para iniciar um tratamento que, com sorte, não irá funcionar por erro de diagnóstico. Claro que podemos sempre desejar que o próximo primeiro-ministro tenha menos avenças de casinos e mais avenças de serviços privados de saúde... e que isso, de algum modo, sirva o enfermo país no leito de morte da sua dignidade...

 

 Proponho a presente Moção de Loucura com a intenção de reafirmar a importância do voto e pedir aos portugueses que abracem a essência louca do espírito cívico e cometam a insanidade de levar o cérebro juntamente com o cartão de cidadão, quando forem às urnas.

 

Sem mais,

A pessoa que está aqui a pensar “eu avisei”, mas que não vai dizer isso para não ferir susceptibilidades.


Marina Ferraz




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