Shiu! Entra mas fala baixinho para não me acordares a dor. Demorou a adormecer. Adormeceu há tão pouco que ainda esperta ao menor som. Deixa-a dormir sossegada, nessa cama de espinhos e punhais. Deixa-a repousar um pouco. A imortalidade cansa.
Não te aproximes dela. Fica comigo um bocadinho. Só nós os dois. Vamos lá fora ver a lua. Vamos à serra contar estrelas cadentes. Vamos à praia ver as ondas. Podemos ir aonde quiseres. Mas tem cuidado, o cuidado de não fazeres um único gesto brusco, o cuidado de não dizeres nenhuma palavra impensada, o cuidado de não te aproximares demasiado de mim. Deixa a dor continuar adormecida e dormente. Deixa-me respirar um bocadinho a paz do seu sono.
Pé ante pé, afasta-te da minha imagem de ti, afasta-te desse sonho desmedido que me encheu a vida. Afasta-te da canção de embalar que o meu coração entoa para acalmar os mil sentimentos que te devo.
Um dia, um dia que não hoje, vou contar-te o que sinto por ti. Vou dizer que te amo. Assim, baixinho, num sussurro impensado, num murmúrio disperso nas ondas. E, nesse dia, esse dia que não é hoje (porque não quero acordar a dor), tu vais fingir que não ouves. Sei, ainda assim, que será um grito aos teus ouvidos, da mesma forma que o teu silêncio vai ser um grito a acordar a dor deste sono leve em que caiu.
Por isso sim. Entra. Mas fala baixinho. Ou não fales de todo! Deixa-me só olhar para ti, tentando não imaginar as palavras que me dirias se isto fosse um sonho e que nem te passariam pela mente, se fosse real. Não faças barulho. Não faças nada. Existe apenas, em silêncio, para eu saber que estou segura e em paz. Na segurança e na paz de existires. Na segurança e na paz de não precisar de saber mais nada.
E, por favor, espera um pouco. Fica por aqui durante umas horas, uns dias... porque quando fores embora, ainda que vás pé ante pé, ainda que o faças em silêncio, a dor vai despertar e eu não vou saber adormecê-la outra vez.
Não te aproximes dela. Fica comigo um bocadinho. Só nós os dois. Vamos lá fora ver a lua. Vamos à serra contar estrelas cadentes. Vamos à praia ver as ondas. Podemos ir aonde quiseres. Mas tem cuidado, o cuidado de não fazeres um único gesto brusco, o cuidado de não dizeres nenhuma palavra impensada, o cuidado de não te aproximares demasiado de mim. Deixa a dor continuar adormecida e dormente. Deixa-me respirar um bocadinho a paz do seu sono.
Pé ante pé, afasta-te da minha imagem de ti, afasta-te desse sonho desmedido que me encheu a vida. Afasta-te da canção de embalar que o meu coração entoa para acalmar os mil sentimentos que te devo.
Um dia, um dia que não hoje, vou contar-te o que sinto por ti. Vou dizer que te amo. Assim, baixinho, num sussurro impensado, num murmúrio disperso nas ondas. E, nesse dia, esse dia que não é hoje (porque não quero acordar a dor), tu vais fingir que não ouves. Sei, ainda assim, que será um grito aos teus ouvidos, da mesma forma que o teu silêncio vai ser um grito a acordar a dor deste sono leve em que caiu.
Por isso sim. Entra. Mas fala baixinho. Ou não fales de todo! Deixa-me só olhar para ti, tentando não imaginar as palavras que me dirias se isto fosse um sonho e que nem te passariam pela mente, se fosse real. Não faças barulho. Não faças nada. Existe apenas, em silêncio, para eu saber que estou segura e em paz. Na segurança e na paz de existires. Na segurança e na paz de não precisar de saber mais nada.
E, por favor, espera um pouco. Fica por aqui durante umas horas, uns dias... porque quando fores embora, ainda que vás pé ante pé, ainda que o faças em silêncio, a dor vai despertar e eu não vou saber adormecê-la outra vez.
Marina Ferraz
*imagem retirada da Internet
mto lindo, ate publiquei excerto no m/ fb... já não sei através de quem...
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