Tenho escrito muitos textos sobre viagens. O foco é simples. Casas de férias e villas. Quintas, herdades e bungalows. Tendas e bocados de chão de ninguém. Pedaços de território que já toda a gente viu. Certificado governamental. Edifício de interesse público. Monumento Nacional. Galardão de Bandeira Azul. Classificação da UNESCO. 7 maravilhas universais, mundiais e lusas. Pedaços de território quase inexplorados. Ponto aqui. Pormenor ali. Detalhe mais ou menos rebuscado acolá. Proximidade do mar, da floresta, do centro. Enfoque na biodiversidade. Na festa A, B ou C. Religiosidade. Tradição. Gastronomia. Pós de perlimpimpim e uma palmadinha nas costas do viajante pela escolha. Porque não vai faltar nada. Conforto, comodidade. Tudo à espera. Bem-vindo a 7 dias fora da vida.
E tu.
Estradinhas junto aos olhos quando sorris. Prefiro fazer nelas a viagem. Não sei quanto tempo demora, mas não te metas pela autoestrada. Quero que demore. Gomos de riso na tua companhia. Sabores da frescura da terra, misturados com sal não refinado. Refinado é luxo a mais para quem precisa de pouco.
Sol no toque da tua mão e conforto no teu abraço. O melhor espetáculo do ano em cada nascer e pôr-do-sol. Uma vida noturna ativa nas festas de um bar com L. Permissão de animais de estimação, para todos os efeitos, mesmo que estejam a perder a pelagem de inverno e os tufos preencham o chão.
Sabores do mundo num beijo. Tempero de caril, cravinho e carinho. Planos desenhados nos trilhos do agora. Dizer vamos. E ir. Chocolates à meia-noite. Doze doces badaladas. Um brinde feito de vinho e licor comprados a quem só usa o que a terra dá. Folhas carcomidas pela biodiversidade caseira. Folhas apanhadas em prol da sustentabilidade. Incontáveis maravilhas e nenhuma necessidade de galardões oficiais. Pontos e pormenores e detalhes. Verdade como religião. Tradições novas na fogueira onde se queimam poemas e caixas de ovos.
Festinhas nas costas do viajante. Porque não pode faltar nada. Góia. Conforto, comodidade. Góia. Tudo à espera. Góia. Bem-vindo a 7 dias fora do tempo. Na vida. E que fiz eu de tão bom nesse passado de espinhos?
E o trabalho.
Tenho escrito muitos textos sobre viagens. Mas já fiz muitas viagens. Já estive nos melhores resorts. Já contei as estrelas em cima dos portões. Já vi estrelas nos lugares mais inóspitos, onde a luz não estraga o céu. E o melhor foi sempre voltar para casa.
Mas leio-te. Esse pequeno roteiro de ti. E quero viajar.
Porque tu, como viagem, não és viagem.
É chegar a casa.
E ela ser um Lar.
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