Tenho as malas feitas à porta e o quarto vazio. O coração, esse está demasiado cheio e demasiado cansado mas, habituada a conviver com o seu peso, já nem eu o noto.
Imagino que tenho um sorriso nos lábios. O sorriso de ter as malas feitas e nenhum destino. A alegria de ir embora outra vez. A alegria que sempre me deu virar costas ao passado.
As malas feitas sempre foram uma promessa. Uma promessa de que a seguir virá algo melhor, ainda que essa promessa seja apenas mais uma mentira que nem sequer conseguirei ouvir.
Imagino que tenho um sorriso nos lábios. O sorriso de ter as malas feitas e nenhum destino. A alegria de ir embora outra vez. A alegria que sempre me deu virar costas ao passado.
As malas feitas sempre foram uma promessa. Uma promessa de que a seguir virá algo melhor, ainda que essa promessa seja apenas mais uma mentira que nem sequer conseguirei ouvir.
Faz-me feliz fazer as malas, faz-me feliz ir sozinha até uma qualquer estação e ir embora sabendo que não volto. Faz-me feliz deixar para trás os lugares onde não sou feliz.
Mas hoje tenho as malas feitas à porta, o quarto vazio e a melancolia do que estou a deixar para trás. Porque desta vez sei que estou a fugir. Não estou a fugir pelos mesmos motivos nem das mesmas coisas. Estou a fugir de mim.
E aquelas malas à porta já não me trazem sorrisos. Falam-me apenas alegremente de todas as pessoas que já sabiam há muito tempo que eu ia desistir. Troçam de mim por não ter mais força. Mas e daí? As pessoas que se riam…eu faço-lhes somente uma gigante vénia. Agradeço no final qual actriz que desempenhou o bom papel de fingir não se importar. E essas pessoas serão apenas fantasmas de um passado que nem saberei bem se vivi.
Porque tenho as malas cheias de recordações e não de pessoas. Porque levo comigo apenas o que me tocou a alma e não aqueles que tentaram anular-ma.
Hoje tenho as malas feitas e o quarto vazio. Ou talvez imagine apenas que tenho as malas feitas e o quarto vazio. Porque hoje quero ir embora e estou acorrentada, nem sei bem a quê…
Tenho saudades do passado, desse passado que aconteceu há anos e do passado que aconteceu há minutos atrás. Tenho saudades do passado porque o presente não dura e o futuro é incerto. Tenho medo. Muito medo. E, além disso, tudo o que tenho, são malas por fazer e lugares onde ainda não tentei ser feliz.
Mas hoje tenho as malas feitas à porta, o quarto vazio e a melancolia do que estou a deixar para trás. Porque desta vez sei que estou a fugir. Não estou a fugir pelos mesmos motivos nem das mesmas coisas. Estou a fugir de mim.
E aquelas malas à porta já não me trazem sorrisos. Falam-me apenas alegremente de todas as pessoas que já sabiam há muito tempo que eu ia desistir. Troçam de mim por não ter mais força. Mas e daí? As pessoas que se riam…eu faço-lhes somente uma gigante vénia. Agradeço no final qual actriz que desempenhou o bom papel de fingir não se importar. E essas pessoas serão apenas fantasmas de um passado que nem saberei bem se vivi.
Porque tenho as malas cheias de recordações e não de pessoas. Porque levo comigo apenas o que me tocou a alma e não aqueles que tentaram anular-ma.
Hoje tenho as malas feitas e o quarto vazio. Ou talvez imagine apenas que tenho as malas feitas e o quarto vazio. Porque hoje quero ir embora e estou acorrentada, nem sei bem a quê…
Tenho saudades do passado, desse passado que aconteceu há anos e do passado que aconteceu há minutos atrás. Tenho saudades do passado porque o presente não dura e o futuro é incerto. Tenho medo. Muito medo. E, além disso, tudo o que tenho, são malas por fazer e lugares onde ainda não tentei ser feliz.
Marina Ferraz
*Imagem retirada da Internet