sexta-feira, 16 de julho de 2010

Ilusões


Quero pintar o céu da cor dos teus olhos. E afastar as nuvens, para eles nunca chorarem. Fingir que é sempre Primavera no teu olhar e que a noite não vai cair nas trevas da tua tristeza, para arrancar os aromas da tua voz.
Quero dar o teu nome a todas as pontes, para os rios saberem que não podem separar as margens do meu amor e todas as crianças saberem como te chamas.
Vou fingir que mandaste destruir cada muralha do meu mundo de sonhos e que venceste uma guerra contra os ponteiros do relógio, sempre mais rápidos quando te tenho nos braços.
Quero embriagar o oceano com o cheiro agridoce do teu perfume e navegar num barco à vela que avance apenas, levemente, com a harmonia dos teus sorrisos. Porque o vento havia de sorrir como tu, qual criança amarga e magoada pela vida.
E, depois, quero sentar-me na foz, entre o oceano, as pontes e os rios, sob o céu soalheiro da manhã primaveril e ver o barco à vela tocar o horizonte de cada sorriso teu.
Quero que apareças e te sentes a meu lado, fantasma ou memória de um passado eterno, para me sussurrares mudamente, ao ouvido, e eu nunca mais esquecer o teu nome, os teus olhos meigos, os aromas da tua voz e o cheiro agridoce do teu perfume.
E, aí, quero travar contigo essa batalha contra os ponteiros do relógio, até o tempo parar para sermos um do outro, para sempre.

Marina Ferraz

*Imagem retirada da Internet