Sempre o mesmo sonho. Um abraço que termina com um choro. Um discurso mudo que termina com um sonante adeus. E todas as explicações do mundo para o que podia ser resumido a um “não”. Cansa-me.
Cansa-me ouvir sempre o mesmo e ver sempre o mesmo. Decorar sempre a expressão séria do teu rosto quando me dizes que, desta vez, acabou mesmo. E depois eu corro. Nesse mesmo sonho eu corro e deparo-me comigo mesma. Sozinha. Todas as ruas desertas e todas as luzes entremitentes, numa cidade fantasma onde o único ruído é o da minha respiração ofegante e onde a única sensação é a do medo. E corro. O som dos meus passos nunca se sobrepõe aos meus suspiros. Mas corro, com a dor e o medo acompanhando a minha corrida desleal contra o tempo. Porque é contra o tempo que eu fujo. Corro sempre na direcção do ontem. O ontem em que tinha a esperança de não sonhar que ias embora outra vez. O ontem onde o teu rosto não estava sério e tu sorrias. O ontem onde jurei a pés juntos que, hoje, ainda me ias amar.
A rua continua sempre deserta mas há o terror. O terror de quem julga que, no canto, vai surgir alguém e que esse alguém me vai roubar de ti. Não quero ouvir outra respiração que não a minha. Não quero escutar outros passos. Não quero ver qualquer silhueta além da minha sombra inconstante como a luz dos candeeiros de rua.
Mas aparece sempre o mesmo vulto. Sempre com o mesmo manto, com o capuz preto tapando o rosto. E o vulto tem sempre um punhal na mão. Paro quando o avisto e estou tão perto dele como de mim. Vil loucura, é nesse segundo que julgas que não reconheço a tua postura, que não sei de cor os traços dessa mão que empunha o meu fim. E, por seres tu, mesmo não podendo olhar-te fundo nos olhos encobertos, eu abro os braços e aguardo a morte. Sabes, meu amor? Quando cravas o punhal no meu peito e o meu sangue mancha a tua pele demasiado branca, eu esboço o último dos meus primeiros sorrisos. E ele é teu. Porque estou a pensar em ti. A morrer contigo no meu pensamento. A morrer nos teus braços. Pelas tuas mãos que sempre ditaram o correr da minha vida.
Morro. Maldito sonho. Morro pelas tuas mãos. Morro sangrando de saudade. Morro num adeus mas contigo perto. Maldito sonho. Como odeio essa sensação de poder perder-te e fugir. Como odeio saber que vou ver-te à minha frente com esse punhal na mão. Como odeio saber que a morte é doce se estiveres perto. Morro. Contigo. Por ti. Em ti. Maldito seja esse sonho que me cansa. Esse sonho onde sou, de facto, feliz para sempre…
Cansa-me ouvir sempre o mesmo e ver sempre o mesmo. Decorar sempre a expressão séria do teu rosto quando me dizes que, desta vez, acabou mesmo. E depois eu corro. Nesse mesmo sonho eu corro e deparo-me comigo mesma. Sozinha. Todas as ruas desertas e todas as luzes entremitentes, numa cidade fantasma onde o único ruído é o da minha respiração ofegante e onde a única sensação é a do medo. E corro. O som dos meus passos nunca se sobrepõe aos meus suspiros. Mas corro, com a dor e o medo acompanhando a minha corrida desleal contra o tempo. Porque é contra o tempo que eu fujo. Corro sempre na direcção do ontem. O ontem em que tinha a esperança de não sonhar que ias embora outra vez. O ontem onde o teu rosto não estava sério e tu sorrias. O ontem onde jurei a pés juntos que, hoje, ainda me ias amar.
A rua continua sempre deserta mas há o terror. O terror de quem julga que, no canto, vai surgir alguém e que esse alguém me vai roubar de ti. Não quero ouvir outra respiração que não a minha. Não quero escutar outros passos. Não quero ver qualquer silhueta além da minha sombra inconstante como a luz dos candeeiros de rua.
Mas aparece sempre o mesmo vulto. Sempre com o mesmo manto, com o capuz preto tapando o rosto. E o vulto tem sempre um punhal na mão. Paro quando o avisto e estou tão perto dele como de mim. Vil loucura, é nesse segundo que julgas que não reconheço a tua postura, que não sei de cor os traços dessa mão que empunha o meu fim. E, por seres tu, mesmo não podendo olhar-te fundo nos olhos encobertos, eu abro os braços e aguardo a morte. Sabes, meu amor? Quando cravas o punhal no meu peito e o meu sangue mancha a tua pele demasiado branca, eu esboço o último dos meus primeiros sorrisos. E ele é teu. Porque estou a pensar em ti. A morrer contigo no meu pensamento. A morrer nos teus braços. Pelas tuas mãos que sempre ditaram o correr da minha vida.
Morro. Maldito sonho. Morro pelas tuas mãos. Morro sangrando de saudade. Morro num adeus mas contigo perto. Maldito sonho. Como odeio essa sensação de poder perder-te e fugir. Como odeio saber que vou ver-te à minha frente com esse punhal na mão. Como odeio saber que a morte é doce se estiveres perto. Morro. Contigo. Por ti. Em ti. Maldito seja esse sonho que me cansa. Esse sonho onde sou, de facto, feliz para sempre…
Marina Ferraz
*Imagem retirada da Internet