O meu coração pediu-me para te dizer que não te ama, que já
não precisa de ti, que deseja ardentemente que nunca mais te aproximes para me
tocar a alma com as pontas insensatas dos dedos.
Ele falou, alto e bom som, gritando comigo como se eu não
pudesse entender-lhe a brutalidade das palavras num sussurro. E disse-me,
amargurado e triste, que cumprisse aquele que seria o seu último desejo.
O meu coração pediu-me para te dizer para seguires, para me
esqueceres porque ele também te esqueceu. Pediu que te indicasse a porta de
saída, com um dedo imperativamente apontado para os confins da Terra.
As suas palavras seguiram-se da explicação lógica de que
nunca mais me faria sofrer, desde que cumprisse o seu desejo e te dissesse as
palavras duras que ele gritava.
O meu coração pediu-me para te dizer que foste a pior coisa
que me aconteceu. Que os sorrisos que me deste não valeram a pena porque não
foram tantos quanto as lágrimas
vertidas. Pediu-me para te dizer que arruinaste tudo aquilo que tocaste em mim
e que me transformaste numa cínica arrogante que já não acredita no amor ou em
contos de fadas.
Pediu-me para me afastar de ti, se tentasses tocar-me e para
te interromper de forma brusca caso tentasses formular um pedido de desculpas.
Sim. O meu coração pediu-me para te dizer que já não
significas nada, que nunca significaste nada e que o amor, se é que era amor,
morreu para sempre. Honestamente, não sei aonde é que ele aprendeu a mentir
assim.
Marina Ferraz
*Imagem retirada da Internet