quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Neg(r)o



Visto-me de negro para negar a morte no meu reino de caos. E sigo os passos da sombra para honrar o sol do meu mundo de ocaso. Se me fazem rainha do tempo, destruo os ponteiros. E a eternidade começa assim, no definhar da vida que me fecha os olhos.

Sejam bem-vindos. É assim que cumprimento os espíritos dos meus antepassados. Sentam-se comigo à mesa e comem da comida farta que lhes oferto. Bebem do mesmo vinho que eu. E fingimos todos que não bebemos o sangue do infortúnio que nos colocou um véu de invisibilidade.

Rimos de piadas óbvias e mórbidas, que alguém diz. E esquecemos, por dois segundos, que distância entre mim e eles é a do corpo que eu tenho e eles já não. Mas relembramos que somos pó. Mais ou menos compacto. Sobre a terra ou sob ela. Alimentando raízes e encontrando espaços de sonho.

Conto-lhes que os meus dias são caminho para o sono eterno. E eles contam-me que estão à minha espera, tentando tirar-me agruras do caminho. Conto-lhes que tento dignificar os seus esforços de pão e labor, com amplitudes mornas de esforço que os não suplantam. E agradeço. Porque, não fossem eles, e eu não estaria aqui, sentada à mesa, a falar com as paredes e o prato cheio que permanece em frente à cadeira onde se senta a memória de alguém.

O que sobra da memória humana responde-me com um traço saudoso de alívio quente por entre a noite fria. E imagino rostos que me sorriem. E vozes que me prometem proteção e alento para os dias mais árduos.

Mas nem todos os que se sentam à mesa comigo esta noite têm rosto de gente. Alguns têm bigodes e patinhas. Mau feitio, de pelo mais curto ou mais longo, com ou menos trejeitos de donzela felina. Os seus nomes enunciam azar ou realeza. E saúdo esses nomes com guloseimas. E uma festinha imaginária nas cabeças.

Os dias que vivo, vivo-os porque alguém os viveu antes de mim. E, neste dia que é de passagem, desvelo aos poucos a ideia dessa eternidade de separação e sento-me com eles à mesa.

Sinto-os na minha pele porque os trago na minha pele. E no meu sangue. E na minha memória. Atirados para as minhas veias por cada batimento cardíaco. Sinto o sabor do mel nas palavras que sei que ouvem. E um travo de whisky envelhecido. E um toque de mousse de chocolate. E um ronronar distante na ideia da saqueta azul.

São os que me fizeram quem sou. E é por eles que me visto de negro e nego a morte. Porque não morre jamais o que permanece vivo na memória.

Bebo um travo agridoce de saudade nesta noite. Saúdo os meus ancestrais e sento-me com eles à mesa.

Há afeição servida nos pratos de todos nós. E vinho tinto nos cálices. E mãos dadas na invisibilidade dos corpos. Sinto-os em mim. E sou deles. Mais uma vez.

Visto-me de negro. Nego a morte. Faço um brinde. A todos eles. A quem foi para que eu viesse a ser e a quem me fez ser o que hoje sou. Estamos todos vivos esta noite. Estaremos todos vivos enquanto houver mesa posta a preceito. E uma vela acesa. E uma memória em chama. E um copo de vinho. E amor.


Se a donzela da primavera pode ser rainha do submundo por seis bagos de romã, eu posso ser anfitriã de quem amo por uma noite, trajando negro e negando a morte.






Sigam também o meu instagram, aqui.


Fotografia de Analua Zoé 




terça-feira, 23 de outubro de 2018

As nuvens



Há nuvens no horizonte. E nos meus olhos que nunca choram. Porque é que eles não choram?


Desespero de fragilidade. E mãos de metal. Clicando mecanicamente nas teclas. Procurando sentidos, sem sentir. (Ou será por sentir demais?). Oceanos díspares no centro de mim. Que me procura e me arrebata. E desassossego onírico nos traços mais concretos da minha insensatez. Robustez de fragilidade. E mãos de madeira. Desenhando traços mais ou menos díspares, que navegam pelos ares. Nuvens no meu olhar. Nuvens no meu pensamento. E uma história calada.

Tenho segredos. Os meus segredos são uma espécie de sol matinal que, ao refletir no mar dos meus anseios, parece sempre lua. E no manto luminoso do meu teto há resquícios da noite mais escura, que me serve de chão. Permaneço, caótica, entre ambos. Com tanto no peito e tão pouco no semblante.

Quem passa por mim diz que sou forte. Enaltecem-me a coragem, sem saber os medos que povoam o meu peito. E aqueles que povoam as nuvens dos meus olhos. E as nuvens do outro lado da janela, sobre o horizonte. Toda eu sou temor de algo ou por alguém. Mas é tão difícil ver o medo sob a armadura cutânea do meu sorriso, que ninguém o vê. Exigiria um mergulho em profundidade em mim. E quem se aventura pelas estradas penosas desse inferno, onde só eu descobri os segredos da sobrevivência e do equilíbrio?

Há nuvens no horizonte. E nos meus olhos. Mas os olhos estão secos. Como um céu nublado que não chove, por recusar o Inverno. A história das nuvens dos meus olhos tem muitas nuances. Gotas etéreas que falam sobre tempos idos e tempos que regressam amanhã, apenas para atormentar. Cada gota é uma mágoa. E cada mágoa é um poema que termina ali. Há quem chore lágrimas, eu choro textos. E é neles que coloco a infinitude do que se enraíza dentro de mim. As minhas lágrimas não se vêem. As minhas lágrimas lêem-se. As minhas lágrimas não se limpam. Fecham-se no canto superior direito do ecrã.

As nuvens dos meus olhos não choram. Escrevem. Ponteando o céu do olhar com farrapos de emoção que se dizem estação terminal na viagem ao caos de mim. A história das nuvens é uma história de aqui e de ali. Minha e de todos os outros. Minha para todos os outros.


Desculpem se os meus olhos são reflexo outonal da noite no oceano da vida. E se as nuvens não chovem. E se o caos não ecoa. Eu não nasci para chorar. Nasci para escrever.





Sigam também o meu instagram, aqui. 



terça-feira, 16 de outubro de 2018

Lena, sem dona




Ouvia-se a voz dela a meio quilómetro de distância. Cada frase pontuada no seu começo por um “eh”, orgulhosamente lançado por entre olheiras e sardinhas do sol, que se esqueciam nos traços sempre ténues e mornos do sorriso. No sorriso dela, era sempre Verão. Ainda que nevasse. E os olhos se entristecessem atrás de cortinas de tempestade. E havia um tom meio estridente, meio orado, nas palavras que se diziam, gritadas e omnipresentes, como se a própria Terra chamasse.

Não faltavam, nunca, no tom das ondas sonoras da sua voz, palavras de conforto e de crítica. Mulher de semblante franzino e humilde, ela trazia até ao público (geral ou particular, conforme calhava) uma cegarrega de ideologias pacatas, que tanto ofendiam como incentivavam mas que, duras ou suaves, retratavam sempre a crença que ela trazia no peito. Não tinha “papas na língua”. Mas tinha sempre o abraço pronto no fim, se fosse preciso amarrar as feridas abertas por verdades inusitadas com um pouco de calor e de amabilidade.

Dos filhos – dois – fazia o mundo. Deles, falava com orgulho e devoção. Contando traços superficiais de dificuldades que todos sabíamos mais profundas e mais caóticas, insistia no futuro como um espaço de realização e nunca deixava de lado o orgulho para lhes mencionar os feitos, fossem grandes ou pequenos. Os filhos não eram apenas os seus heróis. Eram a sua religião, a sua alegoria, a sua força vital. Neles se sustentava e por eles se fazia como era. Mulher simples e forte, sempre com um sorriso.

Era uma boa amiga. Até de quem, tão evidentemente, não era amigo dela. Até de quem, por ditos e desditos, lhe fazia a vida da cor das olheiras. Largava tudo para ajudar os outros. Prejudicava-se para ajudar os outros. Parava, quando perguntava se os outros estavam bem. E queria ouvir a resposta. Não lhe faltavam, nos meandros da voz e da fé, palavras de alento sobre um amanhã melhor. E havia tanto de vida nela que, por entre a depressão dos dias, quase nos sentíamos forçados a concordar que amanhã ia ficar tudo bem.

Ia ficar tudo bem. Mas nem sempre ficava. E notava-se nela um traço de irritação latente com as injustiças do mundo. De duas coisas, ela não gostava! Injustiça e arroz de tomate com pimentos. E dizia-o, de uma forma muito própria, que trazia mensagens de choro enquanto nos despoletava o riso.

Helena de nome e Dona Lena nos traços mais jovens da minha voz, ela insistiu sempre na receita que eu, igualmente teimosa, insisti em nunca seguir: “Dona não”. Não lhe chamava só Lena. E ela não gostava disso. E eu, que sabia que ela não gostava, lá ia fazendo mousse de chocolate, para me retratar desta falha, que era frequente mas nunca por desrespeito ou desatenção.

Um dos companheiros dela era o cigarro. E as piadas sobre a morte quando alguém lhe dizia que não fumasse, ditas de forma tão leviana, tinham graça na altura. Agora já não. Tinham piada enquanto a voz dela se ouvia a meio quilómetro de distância. E enquanto falava dos filhos, sentada na mesa de jardim. E enquanto reclamava das fotos do meu ex-namorado, fixadas na parede durante mais de seis anos. E enquanto reclamava da mousse de chocolate que lhe apetecia e já não comia há muito tempo. Nessa altura, as piadas tinham graça porque a morte era um pesadelo muito distante e uma imagem desfeita no fumo da possibilidade inconcreta. Mas um dos companheiros do cigarro era a doença. E um dos companheiros da doença era a morte.

Sem voz estridente e pontuada com “ehs” no começo da frase, sinto uma espécie de vazio onde havia riso e vontade de dizer, como antes disse, que gosto dela. É uma falta que começa a tomar forma quando a vida se apaga, como uma beata, no cinzeiro do mundo. Quando tudo o que resta é um espaço vazio na mesa e um espaço cheio no coração.

Com dificuldade e pela primeira vez, tento honrar o pedido que me fez e pensar nela como a Lena (sem dona). Nas suas olheiras e nas sardinhas do sol, que se esqueciam nos traços sempre ténues e mornos do sorriso. Nas palavras, duras ou suaves, mas que retratavam sempre a crença que ela trazia no peito. Na amiga que largava tudo para ajudar os outros. E consigo fazê-lo. Pela primeira vez. Porque a Lena era o conforto de um “tu” sempre presente. Foi assim que se marcou nos outros. É assim que permanece. E é assim que, mesmo depois da noite mais fria ter caído nos seus olhos e temperado os nossos com água e sal, continuará a viver em cada um de nós para nos fazer acreditar que amanhã vai ficar tudo bem.





Sigam também o meu instagram, aqui. 


terça-feira, 9 de outubro de 2018

Jogo de interesses




Isso não foi uma relação. Foi um jogo de interesses. Foi o que me disseram. E eu, que me levantei num repente e usei de todas as minhas forças para não dizer nada, devia ter dito. Devia ter falado. Devia ter começado assim: “tens razão”.


Tens razão. Foi um jogo de interesses.

Eu e ele. Que nos demos como poucos se dão e sentimos o que poucos sentem. Fomos isso. Só isso. Um jogo de interesses. Tens razão.

Quando começou, por exemplo, estávamos os dois interessados em dar um ao outro o mundo. Claro que nenhum de nós tinha um mundo para dar. Éramos meros mortais, ambos de mãos vazias e com trocos no banco. De bolsos rasgados. De sapatos que diziam ao chão que íamos descalços mas enganavam os céus. O que tínhamos? Tínhamos um corpo. Então, foi isso que demos. Vez após vez. Uma entrega fatalmente condenada pelas horas de sono, que nos obrigavam a parar e pelas horas de refeição que nos forçavam a comer. Fora isso, demos o corpo. Tantas vezes que, em alguns momentos, pareceu que eu não começava e não terminava. Como se fossemos um.

Mas os dias passam e nem toda a vida é cama. Então, interessámo-nos pela arte um do outro. Um interesse mútuo que chegou a render trabalhos conexos, alguns dos quais nos pagaram dívidas e nos puseram comida na mesa. Mas eram poucos, esses que fazíamos os dois. Então, interessámo-nos em ter uma vida melhor. Arranjámos novos trabalhos, que nos faziam dormir no acordar do sol ou não dormir de todo. Esgotámos energias, na demanda por essa vida melhor que estávamos interessados em ter juntos.

Interessámo-nos em quebrar as distâncias e fomos viver juntos. Partilhámos tarefas com o interesse de que o outro soubesse sempre que não estava só. E, quando um não podia, o outro ia. Quando um não conseguia, o outro fazia. Quando um caía, o outro segurava as pontas acutilantes da vida. Tínhamos interesse em ser o sol e o solo um do outro. E fomos, muitas vezes. Tantas vezes que, pensando nelas, parecem um contínuo de histórias abraçadas para que ninguém se afundasse nas amarguras do mundo.

Interessámo-nos em seguir. De tal forma que, por entre conversas que viravam discussões e discussões que se faziam pedidos de desculpa, demos por nós a anular a parte de nós que nos fazia ser gente. Fomos a ideia que tínhamos do que o outro queria de nós. E perdemos, aos bocadinhos, numa completa ausência do “eu”, aquele ego que bem conheces e que primas por cuidar e acarinhar, como nunca fizeste aos teus filhos.

Neste eterno jogo de interesses, interessámo-nos por voltar a ver um sorriso nos lábios sedentos de beijos e recheados de mágoas. Dissemos um adeus que se concretizaria apenas depois e partilhámos, em despedida, amor feito de cama e de palavras que eram já memória, assente no prazo de validade de nós.

Interessámo-nos em ficar. Cheios de amor um pelo outro. Mas amigos. Ainda que a amizade fosse um corte e uma brecha, entre o que podia ter sido tanto mais. Como nunca amaste mais do que o teu reflexo e nunca deste mais do que produtos físicos e adquiríveis no teu fundo de previdência, provavelmente este é um conceito que te escapa. Mas interessámo-nos em que o outro fosse mais feliz do que nós mesmos.

O meu jogo de interesses foi uma instituição. Dessas que não cabe no diâmetro da aliança e que não se concretiza com a procriação ausente de seres indesejados. Nunca tivemos contas em nome dos dois nem bens comuns. Mas partilhámos uma vida, um coração, um amor… de uma forma tão interessada e presente que em nenhum momento sentimos que estivéssemos a perder a noção da vida.

Perdemos. Perdemos tudo. É o que acontece quando nos interessamos a ponto de apostar tudo. Perdemos tudo. E a perda, ao que parece, define agora tudo o que fomos.

Boa educação e pouco afeto foi uma máxima que aprendi há muito tempo, pelas mãos de uma relação de sangue que me fez gente… mas não pessoa.

E, se o que tu e eu temos é uma relação… tens razão! Com ele, eu não tive uma relação. Tive um jogo de interesses. Perdi. Mas ainda me interesso. Porque amar é isso mesmo. Estar interessado no outro. Desejar que ele esteja bem. E sofrer calado… se isso significar que, ao longe, podemos vislumbrar um sorriso.




Sigam também o meu instagram, aqui. 


segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Cor de âmbar


Para o meu avô

Sento-me na varanda. Há amendoins. Cascas espalhadas pelo cinzeiro, onde algumas beatas se deixaram e a cinza se desfaz. Tens o cigarro entre os dedos e olhas o mar. O pôr-do-sol raia nos teus olhos e confere-lhe uma cor de âmbar, semelhante ao do whisky puro que diariamente agitas no copo largo antes de beber um pequeno golinho. E olhas para o horizonte. Esse que se reflete nas lentes dos teus óculos. E que te deixa os olhos mais claros. Mais doces. Ainda mais doces quando largam o horizonte e se pousam em mim. A noite cai. Tu fumas. Eu como amendoins. Uma confusão de cinza e cascas sobre a mesa, agitados e movidos pelo vento. E o verão está todo no som da televisão, atrás de nós, que debita palavras de um mundo que começa a desfazer-se. Tu sabes que o mundo está desfeito e eu não. Eu sou só uma criança. Sentada na varanda a comer amendoins até que o sol desapareça e as sombras da noite cheguem.

Elas chegam. Mas eu não tenho medo da noite. Estás ali. E eu sei. Não há sombra noturna nem mundo desfeito que vença esse teu jeito de homem forte. Sinto-me protegida ao teu lado, com o cheiro acre do teu cigarro e o toque inebriante do teu copo de whiskey, agora vazio. Sinto-me segura com o teu sorriso e com os teus olhos castanhos. Sinto-me segura contigo.

Pergunto-te se amanhã podemos ir ao parque infantil. E dizes que sim. Não o dizes porque te apeteça cumprir os três passos que nos separam do parquezinho central, onde se agitam baloiços e gritam crianças mais desinquietas do que eu. Dizes que sim porque não sabias – e nunca soubeste – dizer-me outra coisa. Nem mesmo quando eu queria torradas com manteiga e Chocapic ao lanche, pelo gosto de molhar no leite esse universo gorduroso de manteiga, depois do travo doce dos cereais já o ter maculado com a tonalidade beje. Nem aí me dizias que não.

Tentei não abusar muito dos meus pedidos mas sei que o fiz. Sentada naquela varanda, que ainda permanece, porque a pedra não se desgasta ao ritmo dos homens, eu fiz muitos pedidos. E ali comi muitos amendoins ao pôr-do-sol, depois de dias de praia que começavam pela madrugada, depois do leite com chocolate e das padas com manteiga. E, um a um, foste acedendo a todos. Porque os teus olhos, que eram castanhos, tinham a tonalidade do âmbar quando o sol se punha. E todo o seu mel vertia na minha direção, como seu fosse o mundo.

O tempo passa. A varanda vendeu-se, com o resto da casa, para nos livrarmos da garagem inundada e da confusão da avenida. O tempo passa. E a varanda, que permanece, quase sempre sem vida, sem alma, vazia de tudo, ainda está lá. Enquanto que tu, com toda essa vida, toda essa alma, tão cheio de tudo, já não estás.

Sinto que vivi o âmbar dos teus olhos com pedidos feitos aqui e ali, na voz de criança que sei que tive e que tu recebeste com ternura. E sei que cresci a fazer pedidos nunca negados. Fomos novamente essas duas pessoas sem idade que se sentam na varanda da minha memória, quando eu já não tinha a varanda e tu já não tinhas a energia.

Uma noite, levantaste-te da tua cama de hospital. Vestiste a camisa e puseste o boné. Libertaste-te dos fios que te prendiam às máquinas e caminhaste até ao meu sonho. Sorriste. Eu sorri. Falámos com os olhos sobre o que sentíamos, porque nunca fomos bons a usar os lábios para falar de sentimentos. Deste-me um beijo na bochecha, em despedida. Tinhas novamente o reflexo do sol poente nos olhos cor de âmbar quando viraste as costas. E eu, que sempre te pedi demais, chamei por ti e disse: “despede-te também deles”.

Nunca me negaste um pedido.

Nessa noite, toda a gente sonhou contigo.

E o sol que se pôs nos teus olhos, nunca mais nasceu.



Sigam também o meu instagram, aqui.