terça-feira, 28 de março de 2023

A quinta estação

 


Fazemos assim. Quando a roda do ano terminar e se iniciar a quinta estação, dás-me um beijo no rosto. Dizes-me até já. Sais de mansinho. Não olhas por cima do ombro. Não hesitas. Não tropeças nos pés nem no choro. Levas os cravos que colhemos. Saberei.

 

 

A Primavera nasce. O alvorecer das flores e dos aromas de sol já convida para o mundo que abriga pássaros. Apaixono-me levemente. Pele vazia que se preenche, a pouco e pouco, do sensorial daqueles saltos leves na escada. Ruguinhas breves junto aos olhos que somam histórias do desconhecido. Tocas-me. Vento feito em brisa. E arrepias de mim todos os descontentamentos. Eu, que tinha caído no chão – folha caduca e amarelecida – verdejei. A Primavera nasce. Não preciso de ti na Primavera. Mas penso que seria muito triste essa experiência de haver trilhos lavados de pegadas e deixar neles só as minhas. Seria triste haver carpas e cães e ovelhas e bichos-pau e não haver um riso comum a fazer música. Seria triste haver uma violeta pousada na varanda e só eu lhe lembrar o nome. Haver uma semente de abacate a despontar e ninguém celebrar o rasgo do caroço e o começo da vida. Haver uma praia plantada à beira-Verão e luas crescentes e ninguém largar os grãos de areia para afagar cabelos soltos nas ondas de uma maré qualquer.

 

Talvez o Verão seja melhor para a solidão. Aguardemos.

 

O Verão. Corda na escarpa do tempo. Um aroma leve de erva-limão. Sal na pele e histórias de ilhas distantes. O atirar de memórias para dentro de malas cheias. Terminais de viagem e o começo da aventura. Convites para o nascer do sol, no pousar de um pássaro de ferro. Braços envoltos na procura pelas terras que ficam dentro. Desconhecer profundamente a órbita dos universos paralelos que se alinham. Celebrar o passar da vida com uma chamada à meia-noite e bailar até que o sapato de cristal e os tetos de vidro quebrem. Simultaneamente. Planos construídos no sonho bom do ser-se. O Verão virá. Não preciso de ti no Verão. Mas penso que seria muito triste que o calor viesse e ninguém dissesse que é bom passear pelas falésias. Transplantar um bonsai e não haver quem lhe afague as folhas, esperando que se adapte à terra nova. Passar pela árvore e arrancar um só fruto.

 

Talvez o Outono seja melhor para cair. Aguardemos.

 

O Outono. Serras repletas de vermelhos e amarelos e laranjas. Sabores torneados à roda do fogão. Filmes em telas grandes e sistema de som, no rolar dos créditos finais. O aroma das castanhas e o riso pendurado das frases. O marcar de mais um ano no calendário, com um poema a muitas mãos. Trincar salsa entre os dentes e lamber o chão com os pés, agora largos. Afundar raízes para agasalhar o corpo do frio. Um aproximar dos corpos e das almas. Chuvas torrenciais e um reflexo bom na janela. Fogueiras acesas com lenha-fruto. Fruto de horas de floresta e sol frio. Reconhecimento e orações feitas de cogumelo e abacate. Caldos e sopas quentes no escuro das horas. Não preciso de ti no Outono. Mas penso que seria muito triste o frio aproximar-se e encontrar-me desagasalhada de sonhos. Haver cogumelos nas lojas e ninguém que partilhe os segredos do cultivo da promoção. Haver poesia e ninguém para a transformar nas folhas perenes das árvores do eterno.

 

Talvez o Inverno seja melhor para arrefentar. Aguardemos.

 

O Inverno. Árvores caídas que são calor. Folhas que são alimento. Alimento que é terra. Romances que ardem. Canções feitas com as receitas que as avós deixaram ao partir. Viagens e palavras que são motor. Bombons nas badaladas. Copos de vinho especiados. Narrativas e planos para a roda do ano que gira. Risos. Naufrágios sobre a textura coelhada dos lençóis. Sestas vesperais. Línguas saciadas com promessas além-fronteiras. Palavras ditas com olhos ponteados de verde. Não preciso de ti no Inverno. Mas penso que seria muito triste que o cansaço viesse e não tivesse ombro para se encostar. Bons filmes lembrarem marmotas e relógios e ninguém se rir. Os pés precisarem de cuidado e ocuparem só o espaço basilar da desimportância, sem que ninguém os escalde. Amigos reunirem à mesa e ficar uma cadeira vazia.

 

Fazemos assim. Quando a roda do ano terminar e se iniciar a quinta estação, dás-me um beijo no rosto. Dizes-me até já. Sais de mansinho. Não olhas por cima do ombro. Não hesitas. Não tropeças nos pés nem no choro. Levas os cravos que colhemos. Saberei. Mas gostava que fosse só lá. Na quinta estação. Não preciso de ti em nenhuma das outras quatro. Mas seria triste que fosses na Primavera, no Verão, no Outono ou no Inverno. Há tantas coisas para fazermos nessa roda... Se puderes, vai na quinta estação. Dizes-me até já. E eu fecho os olhos, devagarinho, enquanto a minha melhor amiga vem. Me tapa com lençóis verdes. E cumpre a promessa.

 


    Marina Ferraz




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terça-feira, 21 de março de 2023

Breve nota sobre o português corrente

 


Digo-te que és uma pessoa de merda e respondes-me que há piores. Calo-me. Olhas-me vitorioso. Achas que ganhaste a discussão. Não ganhaste porra nenhuma. Mas, como se diz em bom português: leva a taça!

 

E por falar em bom português...

 

Quando eu te digo que és uma pessoa de merda, isto não é uma comparação. É uma afirmação. Uma constatação. Mero relato da pessoa que és e que serias, mesmo que não existissem os outros. A condição do outro não altera a minha certeza de que o sejas.

 

Eu poderia ter dito que és a pior pessoa do mundo. O que estabeleceria uma comparação. Tu contra o mundo. Mas estarias habituado, não é? É mais fácil olhar para fora, que os olhos, quando giram na órbita e olham para dentro veem só o buraco. Negro. Desse vazio emocional que compõe a tua ausência de dignidade e empatia.

 

Pensas que estou a comparar porque comparas. Vês sempre os outros por escala comparativa. Caixa etária, donatária, sectária, orçamentária, hereditária, tributária. Uma lógica sectária, um bocadinho otária, se queres que te diga... e cheia de áreas onde a pária... meu amigo, és tu. Porque colocas as pessoas em caixas étnicas, mas nunca nas éticas e te excluis da segunda, ainda que involuntariamente, com todas as palavras que dizes.

 

Tens o dom de ofender qualquer pessoa que, por destino ou bonança, não seja tu. Ofendes os pobres, os refugiados, os negros, os “monhés”, as mulheres, os homossexuais, os teus inimigos, os teus amigos, a tua mãe e os teus animais de estimação. Se tivesses uma quinta, aposto que ofendias a vaca, entre ruminar e ruminar. Orgulhas-te disso. Ganhaste um prémio por narcisismo... mas não foi a medalha de ouro, pelo que também devem existir narcisistas piores.

 

Digo-te que és uma pessoa de merda e respondes-me que há piores. Calo-me. Olhas-me vitorioso. Mas entende. Quando eu te digo que és uma pessoa de merda, isto não é uma comparação. É uma constatação.

 

Perdes aos pouquinhos o sorriso arrogante e tentas dizer-me todo o bem que trazes ao mundo. Ancoras a tua falta de quase tudo na falta de quase tudo dos outros. Há muita gente assim no mundo. Talvez. E é por isso que o mundo está como está.

 

Irrito-me um bocadinho. Despeço-me. Vou para casa e escrevo um texto sobre o português corrente. Essa diferença entre comparações e constatações.

 

Comparo este texto ao último e ao próximo (que ainda não está escrito). Concluo que é um texto de merda. Mas há textos piores.

 

Sorrio.

 

Às vezes não é constatação nem comparação. É desabafo.

 

Disse à minha gata que ela é uma boa gata.

Ela ronronou.

 

A melhor gata do mundo. Constato, comparando.

 

Eis uma frase que é uma constatação e uma comparação! Para um ser sem comparação possível, que já me acalmou depois de ter lidado com uma pessoa de merda, mas que sabe que, algures, por entre sete mil milhões de almas, alguém deve ser pior do que ela.


    Marina Ferraz




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terça-feira, 14 de março de 2023

Vaga de emprego: Deus

 


Procura-se Deus

 

Empresa global procura novo Deus para trabalho em full-time.

 

A MUNDO UNIVERSO & CIA está à procura de um novo Deus, para integrar uma Organização Global e assegurar a gestão, manutenção e atualização das infraestruturas internacionais.

 

Oferecemos integração numa empresa global, que opera no setor dos acontecimentos e é líder na sua área de intervenção e negócio. Como Deus, a sua missão será a de garantir o equilíbrio, de forma prática e sustentada, com a responsabilidade de otimizar e melhorar todos os sistemas sociais, naturais e astrais que garantem a continuidade dos regimes de nascimento, vida e morte de todos os seres vivos.

 

A nossa empresa tem sentido dificuldade em encontrar um trabalhador competente, capaz de gerir eficazmente todos os departamentos envolvidos na harmonia dos processos, nesta posição de liderança. Acreditamos que é possível encontrar um responsável que não leve a humanidade para a plena ruína e, como tal, o candidato deve ser dotado de uma omnisciência total sobre os dados históricos que compõem o nosso percurso pela indústria. Falamos, aqui, da gestão da tendência humana para atividades desautorizadas e que geram uma falha na produção de recursos e onde se incluem, entre outros: a criação de oferendas humanas e/ou animais virgens ou não em períodos de falta, a realização de demandas de evangelização ou conquista de território alheio, a demonização de outros seres humanos e sua eliminação por fins lúdicos, políticos ou económicos ou a sodomização de homens, mulheres e crianças.

 

Entendemos que a nossa reputação possa ter sido abalada pelos mais recentes escândalos sexuais, provocados pela subcontratação de representantes terrenos por parte de uma empresa de recursos humanos externa, com sede no Vaticano, e que vem promovendo, ao longo dos séculos, várias iniciativas alegadamente ligadas à sacralidade da nossa prática, mas sobre a qual não temos efetiva ação, representação ou responsabilidade, incluindo roubo, agressão, assassinato e obstrução de justiça. Infelizmente, por questões contratuais e longos períodos de lavagem cerebral humana, o vínculo à mesma terá de ser mantido e gerido pelo Deus contratado, sem, por nenhuma via, pôr em causa os termos secularmente definidos.

 

Na função de Deus será representante direto e máximo da nossa empresa, ficando essencialmente responsável por assegurar a gestão de todas as infraestruturas internacionais, identificando erros e potenciais pontos de melhoria, por forma a manter a eficácia, equidade e justiça em todo o tipo de processos relacionados com seres humanos, animais e vegetais. Guerras e destruição massiva deverão ser evitadas, o que pode implicar horas extra.

 

Entre as suas responsabilidades estará o apoio à EnergiaDiretora Suprema do Departamento Universal de Expansão e de Todas as Causas Descobertas ou Não – e a gestão de equipas internas e externas. A coordenação dos processos, gestão de sistemas e subsistemas, monitorização permanente de acontecimentos, cumprimento de normas de higiene e segurança, distribuição de recursos e resolução de problemas serão igualmente pontos fundamentais para quem ocupe o cargo.

 

Para ser bem-sucedido na carreira de Deus será importante que tenha uma formação superior em altruísmo e empatia, aliados a uma boa fluência no idioma do “que se foda”. Este conjunto atípico de capacidades garante a ação e a aceitação em momentos chave, sendo igualmente importante um mestrado ou doutoramento no setor do raciocínio lógico e discernimento para saber como utilizar os recursos da licenciatura nos momentos fundamentais. Experiência profissional em setores como Relações Humanas, Recursos Naturais, Novas Energias, Direito, Medicina, Comunicação, Economia e Escola da Vida poderão ser úteis para o desempenho da função. Os conhecimentos informáticos na ótica do utilizador são recomendados, mas não fundamentais para o seu exercício, embora vá passar muito tempo na cloud. Conhecimentos multidisciplinares e capacidade de multitasking são aptidões fulcrais para qualquer Deus.

Ao candidato eleito para o cargo de Deus será oferecida a oportunidade de integrar uma equipa dinâmica e motivada, que acredita na otimização e melhoria contínua dos processos e sistemas atuais, mantendo uma postura positiva mesmo quando claramente já deu merda. Oferecemos escritório climatizado e insonorizado para que possa organizar a sua atividade e as viagens para a aplicação prática das suas ideias. Salário abaixo da média (mas na medida do que sobra a um português comum depois de pagar a renda) e horários que não ultrapassarão as 23 horas e 56 minutos por dia, salvo alteração no horário de rotação da Terra.

Se pensa ter o perfil certo para cumprir funções e está interessado em ser Deus, carregue o seu currículo atualizado e envie uma candidatura e uma carta de motivação.



   Marina Ferraz




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terça-feira, 7 de março de 2023

Mil conceitos no íntimo do silêncio

 


“o que verdadeiramente me dói não são as palavras
que nestes anos todos ficaram por dizer
(...) o que verdadeiramente me dói são os silêncios
que nunca habitámos do mesmo lado
porque o silêncio só pode ser partilhado
com aqueles que amamos até à loucura”

 

(Alice Vieira in “Dois corpos tombando na água)

 

 

Perguntaram-me uma vez: acreditas no amor eterno? Sorri e respondi, com simplicidade: não acredito noutra forma de amor.

 

 

No tempo em que o meu avô me ensinou a gostar de torradas com demasiada manteiga para acompanhar Chocapic em leite quente, a minha ideia do amor era pequenina como eu. Chegada da piscina, ainda com o cheiro do cloro preso às narinas e uma fome de loba, deixava que ele me preparasse o lanche e esperava que a minha avó se sentasse à mesa branca, em silêncio, olhando para mim enquanto comia, em jeito de quem quer apressar-me para irmos fazer juntas os trabalhos de casa. O meu avô acendia um cigarro e olhava para a televisão, em silêncio, encostado aos azulejos azuis. E eu apresentava metodicamente a história do dia: a composição nova, a detestável ginástica e o modo como continuavam, ainda, a levantar-me a saia nos corredores. Fazia isto entre uma trinca na torrada e uma colher de cereais. E falava dele. Do meu melhor amigo de infância, por quem sempre tinha tido aquela paixoneta-miúda mas persistente, que já me acompanhava há uns dois anos e acompanharia por mais nove. Amar, dizia eu então, devia ser brincarmos juntos nos intervalos, onde eramos pretensamente tão diferentes do mundo e tão iguais um ao outro.

 

Crescemos, vejo hoje, trazendo por mais um bom tempo essa ideia louca de que ser feliz com alguém é partilhar riso e brincadeiras, momentos e coisas para fazer. Trazemos isso por tanto tempo que, de repente, falamos de amor outra vez, contando no carro, à mãe atenta, que a noite se pintara de jogos de bilhar e da corrida bar em bar. Entusiasmamo-nos com o facto de gostarmos ambos de caminhar pela serra, de lançar pedras ao mar, para que saltem uma, duas, três vezes. Por caminho, esta é uma noção que partilhamos também com os nossos irmãos mais velhos, estupefactos com a certeza de que sabemos, finalmente, que o amor não pode ser outra coisa. Todos eles ouvem. Em silêncio. Esta nova filosofia. Gostamos de fazer coisas juntos... amar deve ser isso.

 

Depois, um dia, descobrimos que existe alguém. Tão diferente de todos os conceitos. Tão longe de todas as realidades. Não contamos ao nosso avô, porque já morreu. Nem à nossa avó, porque não queremos incomodá-la com mais uma história que talvez não dê em nada. Nem à nossa mãe porque para contarmos à nossa mãe seria preciso contarmos a nós mesmos e ainda não estamos preparados para abrir um capítulo. Mas o capítulo abre-se. Porque, de repente, estamos num carro, debaixo das estrelas. Não estamos a fazer nada senão a ir do ponto A para o ponto B. Não sonhamos fazer nada além de ir do ponto A para o ponto B. E, no entanto, as palavras escorregam-nos da boca e a conversa é fácil como se os temas não pudessem acabar e nunca fossemos cansar-nos da voz um do outro. As palavras escorregam com tanta facilidade que, de repente, quando vamos falar desse novo conceito de amor, que é alguém com quem podemos falar, sem fazer nada... já nos caiu dos lábios o primeiro “amo-te”. Entre “amo-te” e “amo-te”, que o mal é sempre dizê-lo pela primeira vez, percebemos que amar alguém não é partilhar recreios e momentos. Talvez devêssemos aprender, aí, que ainda estamos a descobrir o mundo. Mas não o fazemos. Em vez disso, insistimos, amar é ter espaço de conversa e nunca ficar sem tema. Pendurar riso nas frases e ser feliz, mesmo sem mover um músculo. Só para isso. Para conversar...

 

Quando os temas intermináveis terminam e os tempos do infinito tocam, como o despertador, o simples das conversas leva-nos a uma estrada onde palavras também são mágoa. E, de repente, esse amor-palavra é insuficiente. Porque permanece, mas se gasta em si mesmo, sem nos dar tempo e espaço.

 

 

Choramos no colo da nossa mãe e da nossa avó. Outra vez. E elas afagam-nos o cabelo, em silêncio. Mas, depois, a nossa avó morre. Morre, mas fica. Um alerta claro para a inevitabilidade do fim e a sua impossibilidade. E, acordando, percebemos que o amor é outra coisa. Mais forte do que todas as coisas que podíamos fazer. Mais forte do que todas as conversas que podíamos ter. Algo tão sem-justificação que permanece nos silêncios que não são emudecimento e na falta que não é ausência. Simplesmente eterno.

 

Aprender a eternidade do amor e aceitá-la. Saber que não há portas fechadas e janelas abertas, mas apenas campos sem limites. Perceber a plenitude de não fazer nada, de não dizer nada. Amar, entendemos então, é também encontrar quem sabe simplesmente estar, em silêncio. É muito difícil essa coisa de estar em silêncio. E haver paz no silêncio. E haver tantas coisas dispersas no silêncio que o próprio tempo não avança com as leis dos homens. O silêncio, entendemos então, é o mais íntimo dos atos.

 

Perguntaram-me uma vez: acreditas no amor eterno? Sorri e respondi, com simplicidade: não acredito noutra forma de amor.

 

Trago em mim todas as pessoas que amei. É um amor, sentada a olhar o mar, sem palavras, quando te dou a mão com os sentidos e não te toco. É um amor, trincando uma torrada com demasiada manteiga e comendo chocapic. É um amor, de chamadas intermináveis no meio do trânsito. É um amor de já não estares e não mudar nada...

 

Há várias formas de amar. Uma para cada pessoa que amamos. Mas é o mesmo amor. Um que existe sempre. Para sempre. Que se perpetua depois do fim. Que não depende de palavras. Que não morre com a morte.

 

Mudei muitas vezes a minha opinião sobre o local onde encontramos o amor...

... mas da sua eternidade, eu não nunca duvidei.

 

Trago em mim todas as pessoas que amei. É um amor eterno. E, por favor, se eu estiver enganada, não me digam...

 

   Marina Ferraz




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