Há muitas histórias que se contam. Contam-se verdades, inverdades, desverdades e mentiras. Como são contos contados na mesma conta-corrente, que se esgueiram a conta-gotas pelas rachas do sistema, é difícil separar o que se conta do que conta.
Contam-se mortes e vidas. Uma contabilidade feita de poder e capitalismo. E guerras e ajustes de contas e pazes de faz de conta. Tudo por contadores aos quais uma auditoria contábil não conviria muito, evidentemente...
Já contamos com isto. Conta-se que antes da conta – ainda a soma do quadrado dos catetos não se sabia igual ao quadrado da hipotenusa – já se contavam contos com pontos a mais pelas mentes quadradas dos contistas de canto da rua. Assim continua.
Contos continuam a contar-se. Conta-se o perder da conta ao tempo nas urgências dos hospitais. Conta-se o somar do canto chorado de bebés nascidos na autoestrada. E conta-se que se contou o conto do tempo em que havia SNS e bebés que nasciam em maternidades. Contam-se, portanto, algumas verdades...
Mas também se conta que os imigrantes vêm roubar os nossos trabalhos. Mas há quem conte que eles saturam o estado social, vivendo de subsídios. Portanto, contam-se contos que contradizem os contos que se contam. Tudo no mesmo conto, como convém a quem conta. Conta-se que o contante consiga contar com igual afinco ambas as versões, colocando em ambas a fé que aos contadores de contos cabe.
No fim, fazemos as contas. Conta não bate com conto e conto não bate com conta... e ainda bem que vieram os euros porque sabe-se lá quantos contos vale aos contistas o conto que não bate com a conta.
Certo é que, no fim de contas, há muitas histórias que se contam. Muitas pessoas que terão que prestar contas, um dia, pelo que foi contado, ou por não se ter contado com elas. Quando se contar esta história, o que me importa é menos o conto e mais a história em si. Porque a história que se conta é muito menos importante do que a história que conta. E essa, senhores, é uma em que só vou ter em conta uma coisa. Na história que conta, eu quero estar do lado certo da história. Dormir tranquila sabendo-o. Sabendo que, na história que conta, o lado que conta pôde contar comigo.
P.S.: para quem conta que novembro conte mais do que abril e quiser contar essa história... uma sugestão: conte outra!
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