Sou casada com a esperança e enamorei-me pela ideia da
felicidade. Este é um amor que ninguém pode vencer. É maior do que tudo e
todos. É maior do que a vida.
Gosto da felicidade assim: rabugenta e difícil, a pedir-me a
luta constante, em remates desiguais, feitos numa luta que, à primeira vista,
não pode ser vencida. Gosto da felicidade perto e longe. Do caminho que me leva
até ela. Do tempo que a traz até mim.
Mas é a esperança que fica, quando a felicidade vai embora.
E é por isso que escolho viver com ela, todos os dias. Foi por isso que troquei
com ela alianças de poeira e ouro branco. Foi por isso que, sob o olhar
assertivo dos Deuses, lhe disse que sim.
Este triângulo amoroso funciona. A esperança sabe que amo a
felicidade, a felicidade sabe que, sempre que se vai, a esperança fica. E ambas
me aquecem pelos dias frios e as noites intermináveis, como se se ignorassem
uma à outra ou como se também se amassem.
Sou casada com a esperança. Todos os dias de manhã, ela me
acorda com um abanão suave e me diz: "Tem força, hoje vai ser
melhor.". E, se eu não respondo ou choro, ela acrescenta, no tom maternal
de uma anciã: "Ela há-de vir, a felicidade há-de vir".
E eu levanto-me de um pulo para abraçar a esperança, para
lhe dizer que acredito nela e a amo, apesar de tudo. Ela sorri e agarra-me. Um
abraço que me segue aonde eu for, que me protege do que quer que venha.
Às vezes é verdade. Outras vezes é mentira. Nem sempre a
esperança tem razão. Há dias em que a felicidade adentra o quarto e me ilumina.
Há dias em que ela não passa sequer à minha porta. Mas a esperança insiste, ao
longo do dia, "trabalha, sorri, ela há-de vir". E eu, menina tonta,
continuo a acreditar. Ela virá. Ela acabará por vir. Um dia, ela irá morar
comigo e com a esperança para que todas estejamos bem.
Este amor. Este amor pelo futuro que ainda não chegou é a
minha dádiva. Este amor pela esperança. Este amor pela felicidade. Ninguém
gosta de estar triste. Mas, por vezes, quando a felicidade não vem, basta saber
que estamos a caminhar para ela. E vale a pena ser triste com a esperança,
mesmo que ela esteja errada e a felicidade não chegue jamais. Porque, enquanto
a esperança me acordar de manhã dizendo "Ela há-de vir", uma parte de
mim irá esboçar um sorriso e ser secretamente feliz, na espera do melhor de
amanhã.
Marina Ferraz
*Imagem retirada da Internet
Texto perfecto,parabéns querida.
ResponderEliminarBeijinhos Jenny
Excelente o texto!!!
ResponderEliminarAdoro a originalidade por detrás do texto... como pegaste numa ideia "comum" como a de alguém agarrar-se à esperança e à ideia da felicidade e lhe deste uma reviravolta, fazendo delas duas figuras quase humanas, contigo a conviveres com elas e entre elas. E os sentimentos no texto são, como sempre, muito universais. Parabéns. :)
ResponderEliminarLindo mana! :)***
ResponderEliminarPARABENS...FOSTE DE UMA ORIGINALIDADE IMPAR COMO SEMPRE DELINEANDO OS SENTIMENTOS QUE TOCAM NOS ....AMEI...
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