Escreveram nos jornais. Eu não
sabia. O amor vai morrer.
Era o que dizia, em letras graúdas,
na capa de todos os jornais. Abri um ao acaso. Logo à noite, dizia. Logo à
noite o amor vai morrer. Organizou os seus afazeres. Assinou os documentos.
Logo à noite. Logo à noite o amor vai morrer.
Senti-me defraudada na
expectativa de encontrar o amor amanhã.
A morte do amor virou manchete.
Comenta-se por aí, à boca cheia. Ouço a notícia na voz de idosos que largam a
mão da vida e na voz de crianças que sonham com contos de fadas. Ouço-a na voz
de quem jura ter amado mil vezes e de quem acredita que o amor só acontece uma
vez.
Houve quem marcasse uma vigília
e, aleatoriamente, veem-se mantas negras nas janelas e lamparinas acesas à
espera do cair da noite.
O conformismo apoderou-se da
humanidade. O amor vai morrer. Dizem-no, como se falassem do tempo que faz lá
fora. Do dia que avança. Da última novidade das revistas cor-de-rosa. O amor
vai morrer. Organizou o seus afazeres. Assinou os documentos. Decidiu que não
queria viver mais consigo próprio. Não explicou porquê. Há quem diga que é
porque anda sempre de mãos dadas com o sofrimento. Há quem diga que tem mazelas
impressas na alma, doenças de foro emocional e físico, crónicas e sem alívio
possível. Mas ainda é o amor. Como pode o amor morrer? Como se mata um imortal?
Sinto-me defraudada na expectativa
de encontrar o amor amanhã.
Onde quer que vá. Não há rua onde
não se sinta o aroma pútrido da novidade. O amor vai morrer. Vê-se nos
semáforos desligados e nas ruas despidas de carros e onde tão pouca gente
caminha. O amor vai morrer. Fizeram cartazes de despedida. Eles gritam nas
estruturas de metal. Adeus, amado amor. O cinismo do mundo. O amor não foi
amado. Foi odiado, espezinhado, mal falado, mal tratado, usurpado e arrastado
por aí como um trapo. Durante milénios, foi assim que trataram o amor do qual
se despedem com tanta leviandade.
Todas as ruas têm o toque da
morte do amor. Mas mais a tua. E caminho por ela, apenas para interiorizar o
que já sei. O amor vai morrer. Logo à noite. Logo à noite o amor vai morrer.
Organizou os seus afazeres. Assinou os documentos. Vai morrer.
Da tua janela pende um trapo
negro. Dizes adeus ao amor. Talvez ao que me deste e que eu não quis devolver,
na ânsia de chegar primeiro ao que era concreto e somente meu. Sinto as
lágrimas penduradas nos recantos do olhar que se vidra. Sinto a saudade
carregada no peito que acelera. Não vou encontrar o amor amanhã.
Escreveram nos jornais. Eu não
sabia. Logo à noite, o amor vai morrer.
Devia ter-te amado ontem.
Marina Ferraz
* Imagem retirada da Internet
A NÃO ACEITO COMO O AMOR VAI MORRER SE AMOR ELE EXISTE E UNIVERSAL VOU POR BANDEIRA ROSA...FAÇAMOS UMA GRANDE CORRENTE DE AMOR PORQUE NINGUEM VENCE O AMOR O AMOR FOI FEITO PRIMEIRO APOS AS FAMILIAS E ELE TUDO VENCE ELE E DE DEUS QUE POR AMOR NOS PRESENTEOU SEU FILHO AMADO A SERVIR DE CORDEIRO...AI AMO AMAR...COMO AMAREI MEU AMADO SEM O AMOR...MUITO BOM ESTE TEXTO NOS E DADO A REFLEXÃO...(ARRASOU)
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