É em ti que eu começo e acabo. Como um poema. Sabes? A minha
métrica desfeita em vozes e pensamentos que se consubstanciam nessa tua
presença. Como um poema. E é tão incerta a minha rima...
Às vezes sinto que as tuas mãos poderiam ser o primeiro
verso do poema que sou. O seu toque leve sobre as teclas pretas e brancas do
piano, tocando com igual devoção o que existe de luz e caos neste universo
incerto de coisas por sentir. Mas sentes. Sentes todas. E a todas dedicas igual
sentido de plenitude. É por isso que acredito que as tuas mãos são o primeiro
verso de mim. Onde começas a escrever-me, delineando cada traço bom e mau,
feliz e infeliz. É em ti que eu começo e acabo. Como um poema.
É nos teus lábios que se dá o crescendo dos meus sentidos.
Verso após verso. Linha após linha. É no toque suave dos teus lábios que
ultrapasso o que existe de certo e incerto no traço inconstante de mim,
desenhado pelas tuas mãos e rasgado pela vida. Cada beijo é uma história nova e
a mesma história. Como se eu própria fosse narrativa e me completasse aos
poucos nesse toque de eternidade, feito nos sopros prudentes dos lábios
entreabertos. Se sou muito ou pouco ou quase nada... é a essa pergunta que
respondem os teus lábios. E é nessa resposta que vou descobrindo recantos de mim.
É em ti que eu começo e acabo. Como um poema.
Mas é nos teus olhos
que expludo em sentido e que me concluo. No brilho dos olhos, que explica que
as mãos não tocam apenas por desejo e que os lábios não se entreabrem somente
por paixão. É nos teus olhos que encontro as conclusões mais certas e profundas
para a explicação de mim. E é neles que me compreendo com mais rigor e
intensidade. Nos teus olhos. Esses olhos onde o brilho não esmorece quando o
sol se põe. Esses olhos que amam o horizonte, a lua, as estrelas na distância
mas que se pousam em mim e me dizem que sentem mais pelo que fica perto. E que
declamam o poema feito nas mãos e nos lábios, acrescentando ao desejo e à
paixão a centelha de amor que os move e os permeia e os torna unos. É em ti que
eu começo e acabo. Como um poema.
A minha rima é incerta. Feita dos traços do teu toque, do
teu sabor, do teu olhar. Incerta como o tempo lá fora que sorri e chora e se
desfaz em névoa, sem que saibamos porquê. Mas eu sou como um poema. Um poema
feito nos traços da vida que te pôs no meu caminho. Um poema feito no embalo do
Universo que nos escreveu a sina nas estrelas. Um poema que permeia cada segundo
de (in)sanidade de mim. São poucos os que compreendem a minha alma. São poucos
os que adentram as muralhas e conhecem o meu "eu". Mas tu
compreendes. Tu sabes. Eu sou como um poema. Um poema que tu sabes interpretar
como ninguém, porque é teu. E é em ti que eu começo e acabo.
Marina Ferraz
*Imagem retirada da Internet
Incrível,texto perfeito como sempre querida :D
ResponderEliminarAdoro essa melodia que você incorporou ao texto,as palavras carregadas de sentimentos, é incrível,inspira-me a escrever.
Beijinhos Jenny ^.^
Me deixou sem palavras, é o segundo texto que eu leio e me fez sentir como no outro texto.
ResponderEliminarNossa cara,que texto legal,muito bom,gostei bastante :) :) :) :)
ResponderEliminarMuito bom,eu tenho um texto nesse mesmo estilo,mas o seu é bem melhor.
ResponderEliminarAbraços Jonas
Ao ler cofesso as lagrimas me acompanharam a cada frase a cada verso...nunca demorei tanto para conseguir ler,POIS A PROFUNDIDADE E ESTENCIVA E DIRIA VIZITEI ESTE CADA ENCENAÇÃO ME FAZENDO PRESENTE.INESPLICAVELMENTE PROFUNDO...
ResponderEliminarAo ler cofesso as lagrimas me acompanharam a cada frase a cada verso...nunca demorei tanto para conseguir ler,POIS A PROFUNDIDADE E ESTENCIVA E DIRIA VIZITEI ESTE CADA ENCENAÇÃO ME FAZENDO PRESENTE.INESPLICAVELMENTE PROFUNDO...
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