"Se tu vens, por exemplo, as quatro da tarde, desde as
três eu começarei a ser feliz.
Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz.
Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade!
Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração..."
Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz.
Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade!
Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração..."
- Antoine de Saint-Exupéry
A que hora chegas, meu amor? Diz-me a hora e o minuto exacto
dessa chegada. O segundo no qual posso aproximar-me na janela e ver mais do que
o vazio do asfalto corroído pelas sombras delineadas da tua ausência. Tardas. Tardas
e o coração adormece. Não quero esperar mais. Preciso de ti.
A que hora chegas, meu amor? Diz-me porque dura, na
ausência, o silêncio de ponteiros que andam, sem sentido, marcando sempre a
hora da saudade. Eles andam em rodopio, numa busca incessante pela tua chegada.
E eu, como eles, vagueio pela memória de ti, à procura do indicio que me conte
qual o momento no qual o meu coração vai poder bater mais perto do teu.
A que hora chegas, meu amor? Marcámos a hora da partida.
Cumprimos esse horário com a devoção tardia e matura de um ancião. Medimos até
os entremeios dos segundos, com medo de que fosses tarde. Nessa constante de
ter medo do atraso, esquecemos o futuro para viver o presente. Nunca soube a
que horas tornarias a virar a esquina da rua. Nunca soube o momento no qual
poderia aproximar-me das janelas sem medo de contemplar o vazio.
O relógio continua. A sua dança milenar a entoar cânticos
mudos e desfeitos em promessas sobre uma hora que não chega. E olho para ele,
desejando a hora. Mas que hora? Não sei dizer! Sei apenas que o relógio marca a
hora da saudade e os minutos da minha solidão. Preciso que ponhas termo a esta
inconstância, a esta loucura. A que hora chegas, meu amor?
Quero saber! Quero saber a hora, o minuto, o segundo
concreto da tua chegada. Quero preparar a alma para a felicidade. Quero
preparar o coração para o amor. No momento de te receber, não quero ser uma
figura taciturna e cheia de vazios. Quero ter um sorriso no rosto e um beijo
pronto. Quero ter passos que corram na direcção da porta e um abraço preparado.
Sobre a mesa, quero ter uma vela acesa, seu fogo consumindo aos poucos a cera,
aquecendo a sala e o Universo.
A que hora chegas, meu amor? Saíste à hora certa e com a
promessa de voltar. Mas preciso que me digas quando. Como poderei viver as
horas da tua ausência sem saber em que momento a ausência se desfaz?
Os ponteiros avançam. Foi a hora da partida. A hora da
tristeza. A hora da saudade. A hora da solidão. Cada minuto feito com as
nuances da espera. E fico a olhar para a medida sem sentido dos números que
avançam sem que eu saiba qual desejar. Não sei qual é a hora do regresso. E,
por isso, permaneço imóvel, nesta espera feita de impaciência e desespero. Não!
Não deixes que assim seja. Não deixes nas mãos do acaso esse momento que desejo
e sem o qual os ponteiros não fazem sentido. Por favor... Quero preparar o
coração. A que hora chegas meu amor?
Marina Ferraz
*Imagem retirada da Internet
Que texto perfeito *-* a citação de O Pequeno Princípe se encaixou perfeitamente :D
ResponderEliminarTambém quero saber a hora em que chegas hehe.
Parabéns querida :)
Beijinhos Jenny ^.^
A hora exacta ajudará meu coração a acalmar-se,e ver o que espero chegar de mansinho...
ResponderEliminarGostei bastante,há muita poeticidade em vosso jeito de escrever.
Quando a Jê me mandou esse texto não pude acreditar como se encaixa perfeitamente ao momento que estou passando agora,essa ansiedade de saber a que horas meu amor chega para me fazer sorrir.
ResponderEliminarVocê é muito talentosa :)
Gostei demais,mandei até para minha noiva,ela adorou e disse que é incrível.
ResponderEliminarAbraços,Jonas