Senhoras e senhores, acaba de sair a nova coleção Outono/Inverno. A tendência é clara para todos os que, sendo fãs de moda, não querem correr risco de andarem por aí, por exemplo, envergando cravos vermelhos. Tão 1974!... Não! Assentemos os pés em 2025, com todo o seu imenso potencial.
Este ano, enfrentamos a festa do padrão laranja e rosa. Para quem julga que isto imita o antigo padrão, considerem a mudança na estampa: um pouco mais de cor-de-laranja e uma tonalidade alaranjada mais coligada, mais escurinha, com nuances que puxam um pouco mais para azul do que para vermelho. O rosa, ainda ocupando parte significativa do padrão, vai matizado, mais forte em alguns locais e mais pálido noutros, notando-se na sua composição também outras cores, algumas das quais podem criar um artístico sentido de incompatibilidade. Além das tonalidades principais, temos também o azul. Muito ocasional e disperso, mas ponteando aqui e ali as arestas do preenchimento de tons fortes que já mencionámos. E, claro, temos ocasionais manchas rubras, para dar aos espíritos rebeldes e selvagens alguma margem de alento.
As texturas do ano são o veludo, as redes e os folhos, uma nostalgia retro que assume também o toque clássico da suave da malha larga e da renda aberta. Assim se eterniza a promessa de suavidade de tempos passados, de forma reinventada e moderna, com texturados abismos que remetem para a condição atual da desesperada pessoa comum do século XXI, disposta a enfrentar o desconforto com um sorriso.
Inspirado no azul ponteado e disperso do padrão deste Outono/Inverno, surge também uma tendência de inegável valor: a fragrância. Um borrifo dos perfumes perfeitos para esta estação levam-nos a aromas fortes e intensos, de tendência acre, cítrica, picante, com laivos adocicados e sedutores. Notas que nos remetem para a nostalgia das gavetas das avós e tias em que todas as peças traziam consigo o antigamente e toda a sua naftálica e bafienta tradição.
A peça mais emblemática das passerelles, no entanto, foi, sem dúvida, o protetor de pescoço em couro, feminino e estético, cobrindo dos ombros ao nariz. Este modelo de inspiração vintage é uma tendência que já marca presença em revistas, jornais e canais televisivos de renome, sendo peça popular para vestir às discrepantes comentaristas de esquerda, que antes entravam de cravo ao peito, num completo desrespeito pela moda.
No que diz respeito aos acessórios é ainda preciso salientar o cinto e as malas minimalistas. Os cintos da nova coleção vêm com um maior número de furos, já preparados para serem apertados ao limite ao longo dos próximos meses, e as pequenas e decorativas carteiras são ideais para quem costuma transportar o mínimo.
Em suma, encontramos detalhes vintage e retro nesta nova e ousada coleção, que se unem ao minimalismo nas tonalidades de laranja, rosa, vermelho e azul.
Influencers e especialistas preveem já que a tendência se acentue, e que as próximas coleções tenham mais estética do que ética e que a ditadura da moda possa transformar-se na moda da ditadura.
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Admiro muito a tua escrita.
ResponderEliminarSempre carregada de poesia e de sarcasmo.
Contra a moda da ditadura! SEMPRE!