A cláusula número um do meu contrato para contigo é que não
te vou fazer-te nenhuma promessa. A segunda é que a primeira poderá ser
quebrada quando os meus sentidos ficarem dormentes pela tua presença ou os meus
sentimentos por ti forem demasiado fortes para me travar as palavras. Eu odeio
fazer promessas porque as levo demasiado a peito e as carrego a vida toda. Não
sou de falar sem sentir mas falo muito sem pensar. E odeio fazer promessas
porque, depois de ditas, elas não são só minhas. E, não sendo já minhas para as
cuidar da forma que acho melhor, trato-as por nossas. Tens de entender que não
quero carregar sozinha o peso de uma promessa atirada ao ar. Então, entre a
primeira e a segunda cláusula, ponho uma alínea pequenina, em letrinhas minúsculas,
apenas para te dizer o seguinte: se algum dia te fizer uma promessa, terás de
saber respeitá-la para que eu a saiba cumprir.
No nosso contrato constará o seguinte: não te prendo e não
te limito mas não quero que vás. Esta é uma verdade que começou ontem e vai até
"para sempre". Nunca vou querer que vás. Independentemente do número
de sorrisos, de acenos, de lágrimas ou de gritos. Mesmo nas piores discussões e
nas maiores alegrias. Nem se, num momento impensado, apontar para as portas do
mundo e te ordenar que saias. Eu nunca vou querer que vás. Mas não te prendo e
não te limito. Se fores, hei-de entender.
Uma quarta cláusula dirá: não esperes que mude porque há
algo que não gostas em mim. Nunca te mostrei mais nem menos do que sou. Sempre
fui eu, nua de alma e coração, para que pudesses vislumbrar até as mais
pequenas cicatrizes de defeito. Sabes-me tola e sentimental. Sabes-me emotiva e
chata. Sabes-me explosiva e sonhadora. Não esperes que mude porque decides, num
momento, que eu podia ser mais calma ou mais terra-a-terra. Não esperes que
mude por julgares que há todo um potencial de feminilidade a ser cultivado no
meu peito. Eu não nasci para ser a pessoa ideal para ti. Nasci para ser quem
sou.
Haverá várias alíneas a determinar o que é meu e o que é
teu, tornando-o nosso. Porque não quero ver-nos cair no ridículo de não
partilharmos os sonhos, os medos, os desejos, os problemas, os pensamentos.
Porque não quero ser a pessoa que vive contigo e não te vive. Que te ama e não
te ouve. Porque não quero que sejas a pessoa que não sabe o que eu quero ou que
não sabe que eu quero algo além de uma vida linear e vazia. Não vou fazer
alíneas sobre os senãos desta partilha porque, se não a houver, não selarei
contrato algum. Entende: meias vivências e meios amores não foram feitos para
pessoas inteiras. E eu recuso-me a ser metade de mim apenas para estar contigo.
O meu contrato para contigo seria selado, por fim, num
olhar. Um olhar onde lerias até as entrelinhas. Um olhar onde decorarias sem
problemas todos os traços e vínculos deste contrato imaginário que se fez
caminhando de mãos dadas pelas ruas. E seria selado, lacrado, autenticado num
beijo, para que nunca te esqueças que, em pequenos gestos, por entre a
simplicidade, se encontram as coisas mais importantes do mundo.
Quando assinarmos esse contrato, tu e eu, saberemos de cor
as suas regras sem nunca termos falado disto. E vamos sabê-las apenas por um
motivo, um só... porque não precisaremos de contrato algum para sabermos o
quanto nos amamos.
Marina Ferraz
*Imagem retirada da Internet
Sabe tão bem quando lemos um texto e nos identificamos ao que nele lemos!
ResponderEliminarConseguiste usar as palavras e fazê-las dançar à medida que as lia.
Muito bom mesmo!
Gostei muito da sinceridade deste texto. Estás de parabéns, uma vez mais. :)
ResponderEliminarO texto é incrível,o sentimento como um todo.Gostei principalmente porque sabes exactamente como tratar e escrever sobre aquilo que escreveu e sinto-me feliz e bem por poder estar sempre lendo os textos novos :D
ResponderEliminarParabéns querida,beijinhos Jenny ♥
Palavras para quê..!!!
ResponderEliminarMaravilhos <3
Obrigada Marina Ferraz.. mais uma vez !!!
"Roubei-to" ;)
ResponderEliminarPela primeira vez, não te li em excertos... sentei-me e li-te quase do inicio ao fim.
Li sem querer parar, e isso é bom! **
kiss
Amei
ResponderEliminarPerfeitoo... Parabéns!
ResponderEliminarConcordo com o teor do contrato e nem preciso assiná-lo.
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