Vai abrir a porta ao sol. E a janela. Deixa-o entrar. Com os
seus raios, espero a alegria. Da alegria faço a flor que planto na jarra.
Condenada à morte precoce pela separação das raízes. Mas deixa entrar o sol. E
deixa que ele traga a felicidade. E a vida. Para beijar o rosto florido da
morte que o espera dentro das paredes frias da casa. Vai. Vai abrir a porta ao
sol.
Não tardes. Abre as portadas. As janelas. As cortinas.
Chama-o. O sol. Convida-o a entrar na sala onde a jarra ostenta a flor que,
exultando o aroma da manhã, acentua já a chegada das noites sem retorno. Não
tenhas medo que ele entre. Ao entrar, cada sombra será brilho. Do brilho podes
tirar a receita do amor que te leva a regar a morte, como se a consciência que
te pesa lhe retardasse o desvanecer da última pétala caída. É um poema do
romantismo. Meio agreste, meio tosco, cheio de floreados em torno do que perece
e fica espalhado no chão, debaixo do chão, feito em cinza. Vai abrir a porta ao
sol. Deixa-o entrar.
No teu jeito sem jeito e na tua postura errónea de coisas
incompreendidas. Não sabes o que fazer. Mas eu sei. E digo. Vai. Vai abrir a
porta ao sol. E a janela. E qualquer espaço por onde os raios amarelados do
tempo possam penetrar as frestas e encandear os olhos cegos do inesperado. Não
queiras ser escuridão, se é a luz que te beija a pele. Deixa entrar o sol. Na
tua casa. Na tua alma. Deixa-o beijar a jarra onde a morte se faz promessa e a
beleza se faz castigo. E aprecia a tonalidade carente do amanhecer que te nasce
nas paredes e que as pinta, salpicando-as de sombra e sonho, como se fossem uma
coisa só. Vai. Vai abrir a porta ao sol. Deixa-o entrar.
Não tenhas medo. Respira. O ar. Dentro. Fora. Além de ti.
Respira. Respira e vai. Vai abrir a porta ao sol. Deixa que ele afaste o que
fica entre a beleza perene e a angústia permanente do que não pode sair pela
porta pela qual, agora, entra o sol. E agradece a porta aberta. Agradece a
janela aberta. Agradece as mãos que te deixaram abri-las. Agradece que elas
abram. Agradece a alma que te prende a ti. Agradece ao sol que entra, mesmo sem
convite, para te aquecer a frieza do desassossego triste.
Vai. Vai abrir a porta ao sol. E a janela. Esquece a
amargura. Esquece a raiz. Esquece a jarra. Porque o sol que entra não me aquece. A
raiz foi cortada. E a flor sou eu.
Marina Ferraz
*Imagem retirada da Internet
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Atenção está a ser plagiada assim como outros autores numa página do face que se chama «Pedaços de Mim». só duma autora plagiou 200 poemas, por acaso descobri o seu, agora que sabe tome medidas se quiser claro.
ResponderEliminaro link é este https://www.facebook.com/Peda%C3%A7os-De-Mim-858162924224671/?pnref=story
natalia nuno