Eu sonhei – amar. Todas as meninas sonham – amar. É um sonho
comum – amar. Desses que se vendem nas capas das revistas. Desses que se
semeiam nas páginas térreas dos livros de cordel. Desses que se fingem atrás da
câmaras de cinema. Era cliché. Mas não importava. Eu sonhei – amar.
Amei. De tão forçada a noção intemporal do amor. Procurei-o
com fervura. Afundei as mãos nos recantos mais inusitados, tentando arrancar,
até do fundo pantanoso da vida, algo que se parecesse vagamente com o amor. Mas
disseram-me. Várias vezes. Eu sei que sonhas – amar. Todas as meninas sonham –
amar. É um sonho comum – amar. Mas olha, pequena, o amor é uma palavra que
agoniza na beira da morte. O dia de hoje é veneno. A nossa época é veneno. E
não há cura. Disseram-me, assim, que estava condenada. À morte. Não à minha,
mas à do sonho. Esse sonho que eu sonhava tanto – amar.
Encontrei. Abraços. Beijos. Alcovas. Corpos que, vestidos ou
nus, sempre me disseram o mesmo. O que eu já sabia. Era um sonho sem razão –
amar. E confidenciei, nos teus ouvidos, a mágoa. E tu disseste que não. Não era
impossível – amar. Meu triste amigo. Fiz missão de tentar explicar-te o que eu
já entendera. O amor era um espectro agonizando nas catacumbas da Terra. E cada
onda do mar era um soluço. Cada gota de chuva era uma lágrima. Cada trovão era
um grito. Desse amor. O que estava morto no nosso tempo.
Negaste. Disseste que intercalava a vida entre dois
momentos: os da ilusão cega e os da frieza excessiva. Se te dizia que nunca
mais ia amar, falavas da ilusão – assim – “não amaste ainda”. Se te dizia que
não havia amor, falavas da frieza – assim – “não amaste ainda”. E quando o
dizias acordavas o sonho. Porque eu sonhei – amar. Todas as meninas sonham –
amar. É um sonho comum – amar.
Sem nos olharmos no rosto, fomos palavras que se somavam e
dias que se perdiam. Aprendi, de ti, que também tinhas um sonho – amar. Meu
triste amigo. Quem me dera ter sabido ali. Mas estava tão ocupada a enterrar as
mãos no chão pantanoso da vida que não desconfiei, sequer.
Foi uma construção feita em parcelas. Como um castelo de
cartas – janelas abertas e sopros inusitados – a frequência instável das
quedas. Passo a passo, entre o teu sonho e o meu. Era o meu maior sonho – amar.
Era o teu maior sonho – amar. É um sonho comum – amar. Mas o amor… não tinha o
amor morrido?
Descobri que não quando o teu sonho encontrou o meu e lhe
chamámos nosso. Redescobri-te atrás do rosto onde, tanto tempo, tinha estado
apenas o meu melhor amigo. Percebi. Por fim. O amor não estava a definhar,
envenenado pelo hoje. Estava a tomar forma nos laços. A dar nó nos laços. A
criar entre nós a chama que não queima e a ferida que não incomoda.
Era o meu maior sonho – amar. Era o teu maior sonho – amar.
Éramos o sonho um do outro.
Às vezes, a dúvida bate à porta. São as dificuldades. É a
mágoa. É o desconforto. Fruto de anos de vida que nos pesam e nos confundem.
Por segundos. Mas viram costas e partem. Por três anos não fizeram mais do que
virar costas e partir.
És tu e eu. Não cabe nada no espaço entre o nosso abraço.
Nada além do sonho. O meu maior sonho. E o teu – amar. Mas não só amar.
Amarmo-nos… É um sonho que acorda e se faz real – todos os dias.
Marina Ferraz
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Nos tempos de hoje dizem que o amor é impossível,mas a questão é achar alguém que esteja disposto a ir contra todas as expectativas para te fazer feliz e ser feliz também.
ResponderEliminarAcredito no amor e em encontrar alguém que fará o coração bater mais forte todos os dias e seu texto me deixou ainda mais animada à essa perspectiva :D
Amei <3
Parabéns querida :D
Beijinhos,Jenny ^.^
AI COMO E BOM ENTRAR NESTE SONO QUE MUITAS VEZES CHAMAM DE LOCURA E DERRAMAR LAGRIMAS DE ALEGRIA JUNTO A TEXTOS TAM LINDOS INESPLICAVES E AAVILHOSOS
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