O meu erro nunca foi não ter amor. Foi ter um amor
que não se esgota em ti. E tentar manter fechadas as asas e fingir que não era
dona do céu e do meu destino.
O meu erro nunca foi o egoísmo. Foi dar-me demais e vezes
demais, com uma intensidade que me tirava de mim. E precisar de me devolver a
mim mesma ao final do dia, para tentar… ao menos tentar… sentir que sou gente.
O meu erro nunca foi não entender. Foi entender mais do que
a realidade dos homens. Das mulheres. Dos humanos. Ver além do véu que separa o
visível do oculto.
O meu erro nunca foi não mudar. Foi sempre a mudança,
segundo a segundo, que se opera em mim, como se eu fosse duas, três, um milhão
de pessoas distintas, dentro da mesma cabeça, cantando numa só alma.
O meu erro nunca foi a cobardia. Foi saber o que havia além
das peças quebráveis que me tombavam das mãos e não ter medo dos cortes nem
fingir que o tinha.
O meu erro nunca foi não saber falar. Foi conhecer a língua
dos homens mas escolher a das árvores e falar no idioma das flores, por os
achar mais justos e mais plenos.
O meu erro nunca foi a loucura. Foi sempre a sanidade
encontrada nos meandros do incompreensível e nas esquinas da imperfeição. E o
cuidado eterno pelo que não é linear e estanque. Pelo que é distinto, único,
peculiar.
O meu erro nunca foi a falta de compreensão. Foi justamente
as coisas que compreendia, mesmo sem saber, numa intuição tosca, modelada no
centro do peito, qual plasticina.
O meu erro nunca foi o silêncio. Foi justamente estar cheia
de palavras, metade das quais ninguém sabe, metade das quais ninguém pode
entender.
O meu erro nunca foi não ser eu. Foi tentar pertencer-te,
quando sei que pertenço à floresta.
O meu erro nunca foi um erro. Fui simplesmente eu. A ser eu.
Como disseste que me querias.
Nem todas as mãos conseguem apanhar raios de luz.
Nem todos os corações conseguem abarcar raios de sombra.
O meu erro foi achar que tu conseguias.
*Imagem retirada da Internet
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