Portugal importa. Portugal importa! Estamos todos de acordo. Certo?
Portugal importa. Importa mais hoje do que importava há meio século. Importa tanto que a balança comercial está a negativo há mais de 3 décadas. Importa bens. Importa serviços. Máquinas, partes, aparelhos, eletrónicos, alimentação, produtos acabados, talentos…
Importa de Espanha, da Alemanha, de França, de Itália, da Holanda… importa.
Dos talentos, destacam-se os profissionais qualificados. Abençoados sejam os que vêm, sem saberem ao que vêm… Falamos de médicos, engenheiros, de ladrilhadores, de técnicos. Toda a gente sabe que há falta de mão-de-obra no país. A mão-de-obra no país já foi de formas diretas e subtis convidada a sair várias vezes. Por gente que nega ter dito o que disse, que sabemos todos que a amnésia é um problema grave e o Alzheimer é uma doença complexa, cujos números permanecem em crescimento... e que ataca particularmente a classe política nacional.
Portugal importa. Vemos, nos festivais espalhados pelo país, como importa. Importa arte. E faz muito bem em importar! Devia valorizar de igual forma a arte que se faz por cá, e que só interessa quando convém. Antes que os artistas que se importam com a forma como são tratados façam como nomes incontornáveis da cultura nacional, como Maria João Pires, que é atualmente – desde a renúncia (à qual dramaticamente chamam perda) da nacionalidade portuguesa – uma fabulosa e incontornável pianista brasileira.
Portugal importa. E, além de importar, Portugal vende-se. Vinhas infinitas, laranjais algarvios, olivais magníficos… vendem-se para valorizar a economia. E vendido fica o produto-mãe que origina os bens processados que Portugal importa depois. Porque Portugal importa. Mas não se importa o suficiente para apoiar o pequeno agricultor que produz. Não se importa a ponto de tornar sustentável o cuidado com os terrenos e a produção nacional.
Valha-nos o fado. Não há registo de que se importem fadistas. Também não há registo de que se importem muito com eles, exceto quando algum prémio de maior impacto é atribuído no estrangeiro. Ah… sim… porque Portugal também importa as opiniões que não tem, dando sucessivamente valor apenas ao que alguém de fora já valorizou!
Numa coisa, eu concordo com os nossos políticos: Portugal importa. E ninguém nega que as importações sejam importantes para as dinâmicas comerciais e o desenvolvimento económico. Mas porra. Portugal importa. Muito. Seria melhor, talvez, que se importasse.
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Tudo dito...
ResponderEliminarBravo!