Eu ainda me lembro do tempo em que era fácil. O mundo caía aos pedaços e, algures, sem eu pedir nada, havia um par de braços em meu redor que me dizia que eu não ia cair.
E era verdade. Pelo menos para mim. Porque a mentira era subtil demais para que eu não jurasse que era verdade.
Eram tempos em que eu podia parar e escrever. Só escrever. Durante horas, construindo uma muralha em meu redor. Sendo feliz. E a felicidade doía de uma maneira doce e terna. Moendo a alma aos poucos e transformando-a na essência daquilo que eu me havia de tornar.
Foram os dois braços que me abraçaram em tempos que precisaram de me largar. Porque eu precisava de aprender, doesse o que doesse, que o mundo também me faria cair. E, mais importante ainda, que eu me podia levantar. Sozinha. Totalmente sozinha.
Eu ainda me lembro do tempo em que era fácil querer levantar-me. Exigia apenas uma lágrima. Uma respiração profunda. E erguer-me de um salto para seguir o meu caminho.
Apagaram-me os caminhos. E não é fácil. Sinto dois braços distantes de mim, ainda crentes na minha força. E sinto a lua apagada no céu. E o mar com ondas de mentiras.
Quero fechar os olhos e dormir para sempre. Estou cansada. Cansadíssima. Nem sei para onde me arrastar. Sou um corpo inútil caído no centro desse mundo que já caía em pedaços na minha infância.
E é raro poder parar e escrever. Só escrever. Porque me roubaram o tempo e a felicidade. Roubaram-me tudo até sobrarem só as palavras. E as palavras, sozinhas e doridas, não fazem muito sentido no meio dos destroços do meu coração que quase já não se lembra do tempo em que era fácil.
E era verdade. Pelo menos para mim. Porque a mentira era subtil demais para que eu não jurasse que era verdade.
Eram tempos em que eu podia parar e escrever. Só escrever. Durante horas, construindo uma muralha em meu redor. Sendo feliz. E a felicidade doía de uma maneira doce e terna. Moendo a alma aos poucos e transformando-a na essência daquilo que eu me havia de tornar.
Foram os dois braços que me abraçaram em tempos que precisaram de me largar. Porque eu precisava de aprender, doesse o que doesse, que o mundo também me faria cair. E, mais importante ainda, que eu me podia levantar. Sozinha. Totalmente sozinha.
Eu ainda me lembro do tempo em que era fácil querer levantar-me. Exigia apenas uma lágrima. Uma respiração profunda. E erguer-me de um salto para seguir o meu caminho.
Apagaram-me os caminhos. E não é fácil. Sinto dois braços distantes de mim, ainda crentes na minha força. E sinto a lua apagada no céu. E o mar com ondas de mentiras.
Quero fechar os olhos e dormir para sempre. Estou cansada. Cansadíssima. Nem sei para onde me arrastar. Sou um corpo inútil caído no centro desse mundo que já caía em pedaços na minha infância.
E é raro poder parar e escrever. Só escrever. Porque me roubaram o tempo e a felicidade. Roubaram-me tudo até sobrarem só as palavras. E as palavras, sozinhas e doridas, não fazem muito sentido no meio dos destroços do meu coração que quase já não se lembra do tempo em que era fácil.
Marina Ferraz
*Imagem retirada da Internet
Gosto muito deste e esqueço-me sempre de comentar! Faz-me lembrar, também a mim, a minha infância, a diferença entre o hoje e o ontem, com tudo aquilo que eu não imaginava que me aconteceria... Aprendemos como a vida é realmente, mas a que custo?
ResponderEliminarNum texto pequeno conseguiste exprimir toda essa complexidade perfeitamente. Lindo :)