terça-feira, 12 de novembro de 2013

Contigo



Pode ser uma lagoa ou uma praia ou um coreto. Pode ser o meio da rua, uma esquina qualquer, um banquinho de jardim já meio sem cor. Pode ser o topo da montanha, o vale mais profundo, a floresta mais inóspita. Pode ser uma cascata ou uma cidade suja, com casas cinzentas e pessoas cinzentas a viverem meias vidas. Pode ser um trilho por explorar ou uma ponte de betão. Não me importa aonde. Eu só quero estar contigo.
Já andei por entre flores sem ver mais do que o negrume da cidade. E já nadei em águas correntes sem sentir mais do que o frio e a vontade da morte. Já caminhei junto ao mar, desejando que o céu se abatesse. O lugar onde nós estamos realmente é o que fica dentro da alma. Não gosto do mundo sem ti. O mundo sem ti pode ter praias e cascatas e florestas. Mas não tem alma, não tem vida, não tem cor.
Por isso, pode ser aqui, pode ser aí, pode ser num lugar que não seja teu nem meu. Pode ser além da distância, por entre a podridão ou no centro da mais pura das essências. Não me importa aonde. Eu só quero estar contigo.
Não há mapas que me levem até ti. Mas olhando para encruzilhadas e caminhos, compreendo que és o único local onde quero estar. Há mais do que lagoas e praias e coretos no teu abraço. O teu abraço tem constelações e galáxias e universos que ficam além do universo. O teu abraço tem poemas que ainda não foram escritos e desejos de fazer corar as fadas que se escondem nos bosques da minha imaginação. Não me importa aonde. Eu só quero estar contigo.
Já andei por entre a desgraça de uma vida sem a notar. Já conheci terras que se amontoaram num sem fim de não-memórias. Mas notei-te a ti e guardei-te, qual história de encantar, no recanto mais explorado da minha mente. E relembro, como um filme, cada pormenor insensato de ti, como se gravar-te assim dentro do peito pudesse trazer-te de volta aos locais onde já não estamos. Não estamos mas eu quero estar. Num lugar qualquer. Não me importa aonde. Eu só quero estar contigo.
E ficam as ruas gastas dos meus passos vazios, à medida que avanço, sem pegadas nem alento. As pedras da calçada perguntam-me a onde vou. E, sorrindo-lhes, eu respondo que não sei. Onde vou? O que importa qual o destino dos meus passos? Avanço para ti. E não me importa aonde... eu só quero estar contigo!

Marina Ferraz
*Imagem retirada da Internet

3 comentários:

  1. Anónimo11:17

    ineplicavelmente lindooo... profundo sente -se e ao ler vivenciamos as cenas muito bem detalhadas da poeta.parabens teu textos são encntadores...

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  2. Jennyfer Aguillar18:16

    Perfeito,amei mesmo.Tenho gosto por esta parte em especial "Não gosto do mundo sem ti. O mundo sem ti pode ter praias e cascatas e florestas. Mas não tem alma, não tem vida, não tem cor." É muito bonito e com sentimentos inexplicáveis.
    Parabéns querida,como sempre um texto que eu amei.
    Beijinhos Jenny ♥

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  3. Anónimo18:18

    Olá Marina,acompanho vosso blogue a pouco tempo,mas tenho gostado deveras,são textos bem estruturados e com sentimentos a flor da pele.
    Muitos Parabéns,um grande beijo de sua nova fã Miriam

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