Não me vou dar ao trabalho de seguir... não até bateres a
porta na minha cara, depois de dizeres que, desta vez, o adeus é para sempre.
Já o fiz antes. Já me reservei o direito de forçar sorrisos. Já me dei ao
trabalho de parecer feliz. Já me forcei
a atirar a vida para as mãos do destino, dizendo "faz o que
quiseres!". E, de todas as vezes, entraste pela porta da frente do meu
coração e derrubaste o trabalho árduo que eu tinha feito para tentar ser feliz
sem ti. Roubaste-me a paz. Fizeste-o tantas vezes que cheguei à exaustão de
mim. Chega. Agora chega.
Não me vou dar ao trabalho de seguir... Vou deixar os meus
olhos serem o reino das lágrimas. Vou deixar o meu coração ser o mundo dos
espinhos. Vou deixar a minha alma corroer no desejo de que regresses. Vou! Vou
deixar-me morrer na dor, se é isso que é preciso para esperar por ti.
"Não é assim tão simples", dizem as vozes
complacentes de tantos quantos acham que a mentira doce é melhor do que a
verdade crua. Mas sim, é simples... simples como a desistência tácita de
continuar a lutar contra os ventos e as marés e as tempestades. Não estão na
minha mão, tal como o amor não está. Amar-te ou esquecer-te não são opções que
possa cultivar em mim. Não é uma escolha que tenha. E se a tivesse? Quem sabe a
resposta?
Não me vou dar ao trabalho de fingir. Fingir que a
felicidade está num lugar onde não estás... fingir que as nuvens não estão no
céu, que os rios não correm para o mar, que o sol gira em torno da Terra. Não
me peças para acreditar em mentiras. Não me peças para mentir. Não há
felicidade onde não estiveres. Há somente a ilusão de momentos às metades.
Momentos que nunca serão completos ou bons. Momentos que pintarei com sorrisos
inexpressivos e nos quais pintarei o vazio da minha alma com ilusões que não me
cativam.
Não me vou dar ao trabalho de seguir. Não me vou atirar
outra vez para a apatia crescente que se esconde atrás das máscaras de
perfeição. Vou chorar. Vou gritar. Vou sofrer. Não vale a pena fazer isso atrás
da fachada do sorriso. Não vale a pena dizer que estou bem.
Deixa-me sofrer em paz! Não tenho culpa de te amar. Não
tenho forma de te amar menos ou de amar outra pessoa. Então, deixa-me...
deixa-me viver na dor até o meu coração aprender a lição. Ele precisa que lhe
ensinem a ser verdadeiro para consigo mesmo. Ele precisa que lhe expliquem que
os sorrisos não alteram os factos e que a máscara não apaga o amor. Ele precisa
de saber que é assim que viverá até desistir de bater.
Não tento mais. Para quê? Não vale a pena... não se pode
lutar contra os ventos nem derrubar as marés. Não se pode impedir o coração de
amar ao menos uma vez na vida...
Marina Ferraz
*Imagem retirada da Internet
Amei o texto querida. É lindo e realmente puro. Minha parte preferida é o final " não se pode lutar contra os ventos nem derrubar as marés. Não se pode impedir o coração de amar ao menos uma vez na vida..."
ResponderEliminarParabéns querida :)
Beijinhos Jenny ♥♥♥