Despi o meu quarto das recordações de ti e as minhas mãos da
esperança infantil de que podiam voltar a ser agarradas pelas tuas. Despi as
paredes de fotografias e as caixas de cartas de amor. Despi o corpo de desejos
e selei os lábios para os despir de palavras.
Despi o chão de caminhos e os pés de regressos. Despi a alma
de esperança e a vida de sentidos.
Despi a fé de esperança, despi o ar de sentido e até o céu
de estrelas para não poder pedir desejos.
Despi-me de bondade e de pureza. Procurei a raiva. Despi a
angústia de vergonha e o ódio de medos.
Fiz tudo isto na esperança de poder avançar, de poder roubar
aos olhos o desejo de olhar para trás para te procurarem. Mas ninguém pode
despir o coração de amor. Ninguém pode arrancá-lo do peito e arrancar-lhe o único motivo para bater.
Então, para não arrancar a vida ao meu corpo, aceitei
amar-te na distância, na saudade e o no silêncio. Eis a vida que levo. Uma vida
deserta, despida de quase tudo, onde os olhares estão fixos no passado e a dor
se mantém presente. Uma vida nua e fria, despida de esperanças para o futuro.
Marina Ferraz
*Imagem retirada da Internet
Tão tocante.....
ResponderEliminarTeresa Carvalho
Emocionante,palavras perfeitas sempre querida :)
ResponderEliminarParabéns,beijos ♥♥
inesplicavel...
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