Os pensamentos perderam-se nos confins de mim.
Misturaram-se, quebrados, com a realidade infalível e a ilusão sadia de uma
qualquer utopia chamada felicidade.
As memórias baralharam-se com os sonhos, quais rostos
distantes e indefinidos. Não há marcadores separando o que foi do que poderia
ter sido. Não há indicações que tornem precisa a noção do que é real e do que
nunca o foi.
Preciso de arrumar as gavetas da minha mente. Preciso de as
esvaziar, de deitar fora o que não presta, de guardar somente aquilo que,
olhando, me faz sorrir. Acima de tudo, preciso de encontrar razão para as
coisas desnecessárias e obsoletas que
guardei, atiradas sem cuidado para o meio
de poemas tristes e de memórias desusadas de um ontem que ficou nos
sonhos para amanhã.
Será que ainda mora na desarrumação dos meus desejos alguma
esperança vã? Perdi a que trazia comigo e não a encontro em lado nenhum. Estará
entre os livros e as fotografias da minha mente?
Preciso de arrumar as gavetas do meu pensamento. De as
limpar até serem menos opacas, menos baças, menos tristes. Preciso de as esvaziar um pouco, para que nelas possa
entrar o que quer que seja.
Hei-de te avisar se encontrar a esperança, embora não tenha
esperança de a encontrar. Mas, deixa-me arrumar as gavetas juvenis e caóticas
do meu pensamento. No topo delas só se vê a desordem que ficou e a poeira
amontoada pelos anos de desespero.
Preciso de arrumar as gavetas do meu pensamento. Quem sabe
se, no fim, não fica um espaço livre para guardar um pouco de felicidade.
Marina Ferraz
*Imagem retirada da Internet
Eu ameii o texto Mah,é triste,porém é lindo. Eu adoro as palavras que usa e como se encaixam perfeita e suavemente.
ResponderEliminarParabéns querida.
Beijinhos Jenny ♥