Não é sobre o amor.
É sobre mim. Sobre o que eu sinto. Sobre as coisas que posso abraçar como
minhas. Sobre as pequenas contrariedades do meu dia. Sobre os grandes
problemas. Sobre uma constante incerteza onde antes havia apenas fragmentos de
dúvida.
Não é sobre o amor.
É sobre os meus braços do teu corpo. Os braços que eram meus quando me
envolviam no sabor amargo da palavra mentida que jurava, a cada momento, que
era para sempre. É sobre os meus olhos e as minhas lágrimas vertidas, que
percorriam o meu rosto e caíam nas minhas mãos vazias.
Não é sobre
amor. É sobre o meu sorriso. O meu
sorriso dado na rua, eterno vagabundo de esquinas polidas por corpos sem
vontade. O meu sorriso, comprado e vendido, nas minhas palavras corridas num
"está tudo bem".
Não é sobre o amor.
É sobre mim. Sobre quem eu sou. Sobre quem eu me tornei quando caí nos braços
frios de um amor sem dó. Sobre a forma como o meu corpo foi abraçado apenas
para ser apunhalado pelas costas. Sobre a forma como as minhas mãos se fecharam
ao redor de outras apenas para descobrirem como é apertar o vazio de uma
memória que não esbate, não ameniza, não desvanece...
Não é sobre o amor.
É sobre o que é meu por entre esta vida onde, olhando, nada me pertence de
facto. É sobre o possessivo constantemente negado pela vontade insaciável do
desespero. É sobre o roubo completo e triste de tudo o que há de importante e
válido num ser que vive.
Não é sobre o amor.
Não é sobre a disposição calada de uma paixão ardente que gelou. É sobre o que
ficou na minha memória quando tudo abandonou a minha vida.
Não é sobre amor.
Acreditem! Não é! Sobre amor são os poemas frios e os textos insípidos de quem
chega a casa e tem algo de seu. Isto não é sobre amor. É sobre o meu amor.
Porque quando chego a casa não tenho nada além deste sentimento que é meu e não
posso partilhar, a bater-me levemente no peito e a sair-me pelos dedos,
impensado. E não são meus os dedos. Não é meu o papel que beija a ponta alada
da caneta. Não é meu o coração que bate. Mas o amor? O amor é meu. Apenas meu.
Porque foi só ele que ficou, quando eu perdi tudo o resto.
Marina Ferraz
*Imagem retirada da Internet
Esse é um texto que contém a mais perfeita beleza.Sobre o amor que você sente,não como qualquer outra pessoa sentiria,é pessoal e de forma profunda.Amei,muita gente vai identificar-se com ele,tenho certeza :)
ResponderEliminarParabéns querida,beijinhos Jenny ♥
Lindo demais!
ResponderEliminarINCRIVEL COMO ESTES TEXTOS SÃO LINDOS E UM LIVRO COM UMA RIQUESA IMPAR AMO A TODAS PAGINAS... CONTINUE ESCREVENDO...
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