Eu não sei onde mora o Amor. Talvez seja no nosso palácio de
emoções. Talvez seja no beco poeirento do nosso pensamento. Talvez ele seja
apenas um vagabundo procurando abrigo nas esquinas frias do nosso ser.
Eu não sei se o Amor amou alguém. Se é um masoquista
insatisfeito. Se é um sádico vingativo. Se ele sabe que a sua dor e a sua
felicidade estão ligadas uma à outra como se elas mesmas fossem almas gémeas,
eternamente apaixonadas num romance impossível.
Eu não sei se o Amor sabe o meu nome. Se sabe o teu. Se
algum dia perdeu tempo a pensar nas pegadas que deixou impressas quando fez a
vida pisar-nos o peito.
Eu não sei muito sobre o Amor. Não sei se ele é mesquinho ou
apenas descuidado. Não sei como ele chega. Não sei se ele pode ir embora. Não
sei se é para todos ou se ilude apenas alguns tolos que encontra no caminho.
Não sei se ele faz parte do Destino ou se troça dele, enquanto desfaz tudo o
que era para ser...
Eu não sei se o Amor é fogo gélido ou gelo ardente. Não sei
se ele é eterno ou enganoso. Não sei! Não sei as suas origens nem as suas
intenções.
Ainda assim, ouso dizer que conheço o Amor. Ouso dizer que
decalcando a dor na minha alma, ele se imprimiu em mim. Que me rasgou sorrisos
e me regou o rosto com lágrimas. Ouso dizer que ele se alojou no meu peito.
Acredito que veio de ti e que to devolvi, aos poucos, a cada dia, qual criança
inocente que apenas quer entregar o que sabe não lhe pertencer.
Ouso dizer que conheço o Amor porque não preciso de saber
muito sobre ele: basta-me saber que, algures, ele existe. Numa breve vida,
sabê-lo foi o que bastou. Foi assim que nunca estive só. Caminhei sempre
acompanhada pela fé cega nesse sentimento cheio de definições inexactas.
Talvez, para muitos, a resposta exista e o amor possa ser
algo concreto. Talvez o vejam nos gestos, nas palavras, na dança ou nos poemas.
Eu não sei muito sobre o Amor mas sei que ele não se fabrica, que ele não se
escreve, que ele não é um acto nem um movimento. Sei isto: o lugar onde o Amor
não está é no espaço onde tentam reduzi-lo à simplicidade de uma explicação.
Eu não sei muito sobre o Amor. Mas sei muito sobre amar. E,
por vezes, isso é o suficiente! O suficiente para o meu coração perder uma
batida. O suficiente para me erguer do chão e tentar de novo, cada vez que a
definição falha. O suficiente para saber que nunca deixarei de acreditar.
Marina Ferraz
*Imagem retirada da Internet
Que lindo Marina :D
ResponderEliminarO Amor é mesmo uma coisa inexata,cheia de explicações,mas sem concretismo.Podemos não conhecê-lo a fundo,mas sempre podemos sentí-lo.
Texto perfeito,parabéns querida :D
Beijinhos Jenny ^.^
Meu Deus que texto é esse? Você escreve maravilhosamente bem, já deixei o blog nos meus favoritos com certeza. Parabéns, pelo texto, pela escrita, por tocar tão fundo, pelo blog! ^^
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