Vestiram-me a padecente pele
Sobre os ossos miúdos
E o coração poente
Na hora do sol-posto
A nudez caiu bem
Sobre os agasalhos da vida
Mas quando o sol nasceu
Havia espinhos e feras
No lugar da carne exposta
Acendi a lareira
E queimei as certezas
Na lenha do tempo
Despi a pele de cordeiro
E fui com a alcateia
Rumo ao amanhã
É rubra a memória das mãos
Que me vestiram a pele
Sobre os ossos miúdos
Mas vestisse-a eu por mais tempo
E o sangue que me tinge as garras
Seria o do meu coração.
Marina Ferraz
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