Por motivos de força maior, informa-se que o meu coração
fechou para obras. O projeto está a ser financiado por entidades oficiais do
Ministério da Providência, pelo que não existe, à data, previsão de reabertura.
Para eventual resolução de problemas emocionais, conflitos
sentimentais ou eclosão de sensibilidades, pede-se aos lesados que se dirijam
a, literalmente, qualquer outro coração, nesta cidade, nas cidades vizinhas ou
até nos países circundantes.
Já assuntos alegadamente pendentes podem ser reencaminhados
para entidades divinas ou supremas, na espera de uma resolução mais célere do
que a eventual reabertura de portas coronárias.
Uma vez que o coração era, também, espaço de arquivo de
documentos sensíveis e de acesso restrito, queremos assegurar todos os seus
utilizadores de que os mesmos se encontram em segurança e serão oportunamente
destruídos para que nenhum dado confidencial possa ser, de forma involuntária,
divulgado.
Relembro que, nos termos do previsto no artigo nº1 do Código
Coronário de Junho de 2013, o meu coração está isento de manter um Livro de
Reclamações formal. Assim, aqueles que, por motivos pessoais, sintam que o
fecho do meu coração possa resultar em danos significativos no decurso do seu
quotidiano, podem utilizar as redes sociais para expressar a sua indignação,
sendo os murais de Facebook e de Instagram, aparentemente, os locais mais
oportunos para a colocação das reclamações, de forma direta ou indireta.
Para todos os seus clientes e amigos, o meu coração manterá
publicações regulares nos seus espaços, publicando em blogues, redes sociais e
cartas, entre outros meios, aquilo que lhe der na real telha.
Embora de portas fechadas, o meu coração congratula-se de
manter um espaço físico, agora em remodelação, e que poderá, eventualmente, no
futuro, voltar a ser recetivo a algum tipo de visita ou interação.
Acreditamos que todo o processo em curso é para melhor
responder às expetativas de eventuais interessados e promover o bem-estar dos
seus trabalhadores e proprietários. Espera-se, no entanto, que o processo seja
moroso e, devido aos fundos da Providência, potencialmente mal sucedido.
Agradecendo, desde já, toda a atenção prestada e sem mais
assunto, resta apenas pedir, desde já, desculpa por qualquer incómodo causado.
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