É um problema crónico. Sou profundamente intolerante. Mas pior ainda... sou alérgica... E apesar de muitas tentativas – todas vãs – não consigo amenizar nem os sintomas, nem os efeitos...
Tens de…
Todo um prurido na camada cutânea
se inicia. E, de repente, é como se coçasse até a ideia do respirar. O tempo
torna-se insuportável. A temperatura começa a subir. A cabeça pesa. O corpo
morde.
Tens de…
Abro a torneira de água fria e
passo por ela os braços. Sinto que abrem pústulas no lugar dos poros. Sinto que
elas alastram aos poucos. O dano entranha e espalha-se.
Tens de…
Quero chamar alguém. Nem importa
quem. Estou em desespero. Tragam alguma coisa. Arranjem alguma mezinha. Façam
algum curandeirismo ancestral. Qualquer coisa. Quero dizer isto. Mas não
consigo. Porque, de repente, a garganta fechou.
Tens de…
O desespero da garganta fechada
vira grito interior. Arde-me cada um dos alvéolos. Quero respirar e não
consigo. Não é apneia. É sufoco. Como se o mundo me estrangulasse com os seus
dedinhos disfuncionais de ideias preconcebidas.
Tens de…
Rebolo pelo chão da minha mente.
Quero puxar o ar. Não há ar. E a pele deteriora-se, soltando sangue e
desesperos em poças salgadas de lágrimas que ardem na carne viva.
Tens de…
Uma alergia não diagnosticada. Um
choque. Não sei se anafilático ou não. Mas intenso. E acontece todo dentro, sem
que ninguém veja nada além da perplexidade da expressão.
Tens de…
É um problema crónico. Sou profundamente intolerante... mas pior ainda. Sou alérgica... e apesar de muitas tentativas – todas vãs – não consigo amenizar nem os sintomas, nem os efeitos...
Procuro o anti-histamínico. Por
entre a crise demoro alguns segundos a encontrá-lo… mas anda sempre comigo,
nesta mala - o cérebro - onde fiz
questão de guardar uma farmácia funcional contra as agressões de uma sociedade
de conceitos fechados e ridículos.
Quando o encontro, tomo-o. De imediato. Palavra e intenção largada numa irrupção de momento.
Tens de…
Tens de…?!
Nem me interessa o fim da frase!
Não!
Eu não tenho de fazer absolutamente nada que eu não queira!
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