terça-feira, 20 de dezembro de 2022

Casa (sem som)*

 



Agarro, no ar, todos os conceitos. Bato levemente sobre o peito. No lado esquerdo do peito. Onde moram ilusões. Onde moram segredos. Amores. Eternidades. Cheguei. Digo. Cheguei. Lá. A casa...

 

O coração bate. Cada batimento é isso. Casa. Casa. Casa. O lugar onde se guarda o todo. O lugar onde se guarda o tudo. O lugar onde a família é amor. Onde o amor é pleno. Onde o amor é sempre e para sempre.

 

Casa. Um batimento de coração, solto. O espaço que a mão toca, para acender a luz da alma. O recanto onde os dedos se dão, enlaçando as estrelas com todas as possibilidades do amanhã.

 

Existe um ritmo cardíaco acelerado nessa palavra que se diz sem som. Casa. Casa. Casa. Um aceno de “bom dia”. Um beijo de “boa noite”. Um aviso lento para não te esqueceres do casaco nos dias frios. Um aviso morno para não te esqueceres do guarda-chuva quando as nuvens estão carregadas. Um aviso ténue para levares um abraço quando o dia é triste.

 

Amor. Casa é amor. Amor é casa.

 

E amar é encontrar uma casa. Essa que fica aqui. No lado esquerdo do peito. Onde moram ilusões. Onde moram segredos. Amores. Eternidades.

 

Repete-se, até ser canção. Não tem voz. Não tem som. Tem pulsação. Casa. Casa. Casa. Casa.

 

Constrói-se. Repete-se. Vive-se.

 

Melhor do que ter casa, é ser casa. Nesse batimento cardíaco que acelera. Tocando em silêncio. No lado esquerdo do peito.

 

Estendo-te a mão.

 

Vem comigo. Digo. Vem comigo. Anda!

 

Vamos...

 

... para casa.


  Marina Ferraz


*Texto inspirado por uma aula de Língua Gestual Portuguesa, 

sobre o gesto relativo à palavra "casa",




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