A cada minuto, acontece. É o jogo mais cruel do mundo. O
jogo mais injusto. Mas acontece. A cada minuto. Algures. Sem outra razão que
não a da ausência de razões. Alguém aposta tudo. Alguém perde tudo. Todos os
dias. Milhares de pessoas. O mundo está cheio delas. E não importa o quanto se
saiba. Não importam os riscos. As pessoas apostam. As pessoas perdem. As
pessoas não aprendem.
É o jogo mais injusto de todos. Joga-se para se perder. Mas
com a ilusão. Sempre com a ilusão. Porque um dia, em algum lugar, alguém
ganhou. E essa pessoa. Essa pessoa singular que ganhou tudo, tinha apostado
como ninguém e não perdeu. Em vez de perder, ganhou o que nunca ninguém ganha.
E foi feliz até ao seu último suspiro. É esta a esperança. É esta a ilusão. É
este o patamar inferior, a raiz, a fundação que sustenta o acto ponderado de se
pôr tudo sobre a mesa, disposto a perder tudo.
A pessoa que ganhou não sabia que ia ganhar e não acreditava
que ia perder. Era, por isso mesmo, igual a todas as outras pessoas. Mas o jogo,
que não é justo, baseado nos alicerces bambos da sorte, foi-lhe favorável. O
mundo não mudou. Nada mudou. Não houve sol que se pusesse mais cedo nem lua que
andasse mais alta. Mas, de alguma forma, foi nesse dia que o jogo virou
religião. As pessoas afirmam, por aí, no mundo inteiro: "eu acredito no
jogo". Não o dizem assim, é claro, dizem de outra forma. Dizem que
acreditam no amor.
A cada minuto, acontece. É o jogo mais cruel do mundo. O
jogo mais injusto. Há quem perca tudo. Quem enlouqueça. Quem morra. Mas,
independentemente do dano, as pessoas continuam a jogar, a apostar, a perder, a
jogar de novo, a apostar de novo, a perder de novo. É um vício sem época e que
nunca sai de moda. Faz pior do que o tabaco. Fere mais do que droga.
Entranha-se mais do que as bebidas ébrias. Mas é socialmente aceite. Fica bem.
E toda a gente se envolve nesse jogo do amor. Porque o prémio, constantemente
acumulado, é o da felicidade perpétua que toda gente quer ter.
E, neste segundo, a cada segundo, em todos os locais do
mundo, é certo: alguém ama alguém. Alguém aposta tudo. E alguém perde. E alguém
chora. E alguém recomeça.
É o jogo mais injusto do mundo. Quase ninguém se sagra
vencedor nessa saga incompleta de busca pelos improváveis. E, a cada minuto,
acontece. Alguém morre do jogo. Alguém morre de amor.
Aposto tudo. No mesmo jogo. Pelas mesmas razões. Acredito
nele. Acredito que posso ganhar. Mas não é só pelo prémio. É pela possibilidade.
Essa que vivo todos os dias, independentemente do resultado final.
Apostei tudo. É verdade. E ganho todos os dias.
Se um dia perder... ao menos vivi.
Marina Ferraz
*Imagem retirada da Internet
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Acredito que o jogo de amar é bem perigoso,mas ninguém realmente liga para isso,o que importa é tê-lo,seja como for,por isso há tantos destroços quando não dá certo,e como disse "é aceito socialmente" porque no fundo,só queremos alguém que nos queira de volta.Assim é jogo,talvez nunca mude,mas o importante é tentar, porque de tanto insistir no amor,um dia a gente vence.
ResponderEliminarAmeii <3
Beijinhos Jenny ^.^