“Não é cortando as espigas mais altas que as mais baixas se elevam”
- Autor desconhecido
A mim?! Sim, também! Tantas vezes a mim! Mas não sou uma exceção. Sou só mais uma espiga, num campo de espigas condenadas a sobreviver ao vento, a lutar contra o vento, a persistir… Sou só mais uma espiga a saber que a altura dos meus sonhos incomoda quem vive na sombra das suas próprias limitações e que, por isso mesmo, eles julgam…
Julgam. Mas julgam mal. Porque acreditam, ingenuamente, com uma qualquer devoção sacrossanta, que a destruição dos outros é criadora dos caminhos que os elevam ao sucesso. Mas o sucesso não é um lugar. E os cadáveres dos outros não são degraus. E, ao vergarem quem estava erguido, continuam subjugados à sua pequenez, de alma árida, de pensamento estéril, de vida tacanha, de mesquinhez…
Mas tentam. Constantemente. Cortar. Cortar é mais simples porque o vento fere e erguer os braços demora e o tempo arrasta-se e o esforço do corte é menor do que o da sobrevivência perante a força bruta dessa aragem, mãe de tempestades e realidades atuais e cruas.
Cansados antes do começo do esforço. Desistentes antes da tentativa. Senhores do caminho-mais-fácil-e-mais-curto porque o outro é sinuoso e agreste. Donos de convicções podres. Filhos de uma Era de facilitismo e comodidade. Esperam. E, quando esperar não basta, atacam. Cortam. Destroem. Acham que crescem assim. Acham que ganham assim. Acham-se melhores assim. Por caminho, cegos, eles ferem e causam dano. Toda a gente perde.
São feitos de armas afiadas e pouco mais. Justamente por isso, menores. Pequenos. Agressores. Justamente por isso, vazios. Cortam. Destroem. Seja por palavras ou atos. O que for mais simples e imediato… tanto faz!
A mim?! Sim, também! Tantas vezes a mim! Mas não sou uma exceção. Sou só mais uma espiga, num campo de espigas condenadas a sobreviver ao vento, a lutar contra o vento, a persistir… Sou só mais uma espiga a saber que a altura dos meus sonhos incomoda quem vive na sombra das suas próprias limitações.
Não lhes desejo mal. Que cresçam! Que cresçam e parem de tentar reduzir quem, em redor, já cresceu. O sol é de todos. O sol é de todos os que erguem os braços e aceitam que o tempo se arraste e se esforçam por sobreviver à força bruta dessa aragem, mãe de tempestades e realidades atuais e cruas.
Sou só mais uma espiga a saber que a altura dos meus sonhos incomoda quem vive na sombra das suas próprias limitações. Mas eles cortam. Destroem. Fico a vê-los chegar com as facas.
Fecho os olhos e respiro fundo. Quando me cortarem a vagem, talvez se espantem. Serei só uma espiga, num campo de espigas. A abrir as asas e voar. Para ser só mais uma ave num céu sem fronteiras.
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