Sempre gostei demasiado de meias para alguém que não gosta
de metades. Meias, entendam, não é metade de nada. Por exemplo, enquanto um
amor pela metade não é coisa nenhuma, as meias podem ser um amor inteiro.
Na minha vida, as meias têm sido um amor inteiro. Devo ter
um par de meias oferecido por cada pessoa que amei. Não porque as coleciono ou
porque as pessoas o saibam. Mas porque, de alguma maneira, friorenta e
impossível, as pessoas habituaram-se a tentar buscar o meu conforto e me
estenderam sempre, sem sequer saberem disto, esses pedaços quentinhos de
carinho.
Isto vem desde há muito tempo. Quando, em menina, num
Inverno friorento de pés-gelo, a minha avó me calçava um segundo par de meias e
me deixava deitar no sofá, de pezinho infantil enfiado no bolso do seu xaile
favorito. E o meu avô retorquia, quando ela não o fazia depressa “vai calçar
mais um parzinho de meias ao pinguim, vai”.
Pela história de mim, houve momentos de ternura imprevista.
Um amigo nortenho que me estende as meias de lã castanha. “Estas são mesmo
quentinhas”. Uma forma de dizer “gosto de te ter aqui, sei que está frio mas
quero que estejas bem”.
O namorado que, em eras mais amenas, vendo-me a paixão pelas
riscas cinzentas e pretas, me oferece um dos seus pares de meias. “Estas fazem
conjunto com as tuas cuecas favoritas e a camisola de malha”.
A minha mãe, que todos os anos lá encontra um par mais
quente do que o anterior, ora com motivos natalícios, em turquesa; ora com
pelinho por dentro; ora com antiderrapante “porque o chão cá de casa está uma
desgraça”. E ninguém quer que eu caia das escadas abaixo… outra vez. Ou que me
queixe de frio. Outra vez.
O facto é: aprendi a amar as meias. Logo eu, que detesto as
metades. Amo as meias. E vejo nelas expressão de amores maiores do que a
casualidade.
Gosto de meias. De meias caminhadas de sorriso no rosto. De
comer o crepe com gelado a meias. De meias conversas, permeando instantes de
pausa entre o trabalho. Gosto de meias de lã. De meias de algodão. De
meias-calças. E do sorriso cativo que deixam no rosto, a par com o calor nos
pés. Na alma. Em mim.
As meias. Tão cheias de história e com histórias tão cheias
de amor. Gosto de meias. E, volta e meia, pensar nisto aquece-me por dentro e
faz-me sorrir.
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Marina, também amo meias. Sempre digo que tenho mais meias do que calcinhas. Se vou a uma loja para comprar uma blusa, volto com 4 pares de meias. Minhas amigas já sabem o que me dar de presente. Se tiver corujas então, vou amar ainda mais as meias. Acho que gosto de meias desde quando era bebê. Ainda tenho nos meus guardados da infância uma meia amarela com uma bolinha, tipo pompom, de enfeite. Minha gata Estrela também adora meias.
ResponderEliminar=) as meias são algo de especial. :) Espero que tenha gostado deste meu texto ^^ Beijinhos
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