Cordas. Momentos. Nós.
Nós. Cordas. Acordas e os momentos foram. Nós. Um tempo passado qualquer. Até ser só silêncio. Cordas. Filamentos unidimensionais vibrantes. Teoria. Unindo cada elemento da Natureza. Quero ser. Natureza. Com ela como ela é em nós. No nós. Nos nós. Digo que está na hora. Aprendo-os, um a um.
Formo o laço com a ponta que a precede e seguro-a. Puxo a parte comprida para o solo. Laçada. Da ponta mais longa num entrelaçar sem culpa. Uma laçada a mais. Espaço reduzindo. Laçada afastada. Robustez. Puxo, entre mão e mão, criando distância entre ponta e ponta. Nós. Nós como nós. À distância.
Leio sobre sucesso e silêncio. O papel da noite. O papel da hora na qual se esquece a vida. E sobre a estaca. Nova. Ou a ventoinha. Estável. Ou o vão de escada. Pedra-mármore.
Uma última dança de pés pendentes. Descalço os pés. A sola do pé é sonho desenhado no bailado do fim. E os momentos dançam. Nós firmes. Cordas robustas. Espaço e hora alinhados com o horizonte do (a)mar.
Orgulho-me da forca. Da suavidade do seu toque sobre a pele, ardendo de desejo. Pelo vibrar dos filamentos. Teoria. Unindo-me à Natureza. Até sermos nós.
É um salto e um deus velho, com prefixo e prótese. Um salto. Um sopro. O último. Seria o último. No nós. Nos nós. Nas cordas. Mas o tempo vem. A corda parte. A corda desata. A trave estala. O chão. O momento. O sôfrego engolir do ar. A falha. E o riso. Sempre o riso. Desse fantasma imprudente que me ensina sobre as laçadas e me observa as tentativas loucas do fim que não vem.
Incapaz de cumprir o meu propósito, pergunto-lhe o que me falta. Logo a mim, que aprendi sobre os nós e as horas e as estacas. Logo eu, que escolhi a corda certa e o momento exato. Sorri. Ri. Responde-me que não é sobre o que me falta.
Presa ao insucesso e ao fracasso - desconhecido dos outros, mas tão profundo em mim – sinto a espiral de desencanto ao lembrar a forca ineficaz, sempre falha no cumprir do meu ímpeto.
É antes –
asseverou - o que tens de sobra. O que
pões nessa forca sempre te fará viver mais um dia...
Perguntei. O quê?
Sorrindo, respondeu-me:
Uma cedilha.
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