terça-feira, 8 de março de 2022

Pás

 

Fotografia de Pexels

Uma criança sabe isto. Um trabalhador da construção civil sabe isto. Um ambientalista sabe isto. Um cozinheiro sabe isto. Um varredor de rua sabe isto. Um limpa-chaminés sabe isto. Mas os políticos – apesar de toda a alegada literacia – aparentemente não sabem...

 

 

É um dia de praia, como outro qualquer, e a criança quer brincar. Vamos construir um castelo de areia. Dizem. Inconscientes de que o seu mundo é um castelo de areia prestes a ruir. E pegam nas pás. Intuitivamente. Para encher os baldes e construir algo.

 

Nas ruas palmilhadas, ao longo do dia, outras pás vertem a areia dos montes para a betoneira, que gira e a transforma, para que possam construir-se também as casas sólidas e seguras, à prova de quase tudo... menos de bombas.

 

O vento sopra, e as pás da eólica giram, transformando ar em energia e alimentando centrais, de forma limpa e segura, em prol do ambiente, que provavelmente será nuclearmente destruído com uma ordem.

 

Algures, o chefe junta na batedeira os primeiros ingredientes da massa fresca, batida pelas pás em espiral, com rapidez e mestria, preso às noções de um sonho de paladar, sem pensar na fome que vem do exílio, dos conflitos, da escassez.

 

Varrem-se para as pás as folhas do Outono, persistentemente. Mãos segurando pás com compassiva intenção de oferecer aos outros passos mais seguros pelas ruas, que afinal oferece riscos maiores do que o da queda inadvertida.

 

E as chaminés escovam-se, a fuligem caindo, varrida para pás. Resolve-se o problema da fumaça adentrando o espaço. Um problema que não existirá quando a parede destruída tombar, arejando a casa...

 

Instrumento esquecido, mas de amplo uso, as pás servem para resolver quase tudo, para construir quase tudo. São recurso inegável de muitos processos que trazem algo ao mundo, às pessoas, à vida...

 

 

Uma criança sabe isto. Um trabalhador da construção civil sabe isto. Um ambientalista sabe isto. Um cozinheiro sabe isto. Um varredor de rua sabe isto. Um limpa-chaminés sabe isto. A resposta para muitos problemas da vida podem ser respondidos com p(ás)az.

 

Mas os políticos, talvez por só limparem o cotão do próprio umbigo e por nunca terem construído nada, ou por só conhecerem o senso com “c”... continuam – apesar da alegada literacia - a escolher a guerra.


 Marina Ferraz




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